A troca de 26 dos 27 chefes estaduais da Polícia Rodoviária Federal, publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite de quarta-feira 18, é a resposta do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao aparelhamento promovido pelo governo Bolsonaro que resultou em operações nas estradas federais no segundo turno das eleições para atrasar o acesso de leitores às urnas no Nordeste, onde Lula teve sete em cada 10 votos no primeiro turno.
No mesmo diapasão, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, assinou a substituição de superintendentes da Polícia Federal em 18 estados, inclusive no Rio de Janeiro, onde assume o delegado Leandro Almada da Costa, que investigou o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018.
As mudanças determinadas são o mais recente movimento do governo para despolitizar a PRF e a PF, contaminadas na gestão anterior. Ainda há alguns dias, por exemplo, o agora ex-superintendente da Polícia Federal em Brasília, Victor César Carvalho dos Santos, sugeriu o benefício da prisão domiciliar aos terroristas, com a desculpa de não ter instalações suficientes para todos os 1.200 presos nas invasões.
O interventor federal na segurança do Distrito Federal, Ricardo Capelli, rechaçou a sugestão, exonerou Santos no mesmo dia 10 em que a ela foi apresentada e determinou que a academia da PF na cidade satélite de Sobradinho recebesse o excesso de terroristas, cumprindo assim a ordem de prisão do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal.
No caso da Polícia Rodoviária Federal o desvio de função promovido pelo governo federal no período Bolsonaro estendeu sua competência para combater a corrupção e autorizou sua participação em ações na cidade do Rio de Janeiro que resultaram, como informou a Agência Brasil, “na morte de 37 pessoas, uma na comunidade do Chapadão (seis mortos), em março; e duas na Vila Cruzeiro (uma em fevereiro, com oito mortos, e outra em maio, com 23 mortos).” Todas no ano passado.
A entrevista do presidente Lula à Globo News na noite de quarta-feira parece ter funcionado como senha para os ministros agirem contra o aparelhamento do estado e a sua devolução ao trilhos da Constituição. Em mais de uma hora, o presidente falou à jornalista Natuza Neri, ressaltando que se soubesse da desmobilização da segurança em Brasília no dia 8 não teria saído da cidade.
“O governo tem o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a inteligência do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, e ninguém sabia de nada!” Lula enfatizou que houve negligência geral na segurança, que precisa ser punida. “Fui presidente por dois mandatos e sempre mantive as melhores relações com as forças armadas. É preciso acabar com a politização das três forças, elas servem ao estado e não aos presidentes. Eu só quero governar em paz, a democracia é o melhor regime. Não há democracia sem direito a comer, a comprar sua casa, seu carro, a viajar. Precisamos fazer uma democracia de classe média, não democracia de miséria”.
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