Foto Pedro Nelgri/ANF
Muitos gritos ecoaram sobre a multidão reunida na tarde deste domingo, 7, na manifestação contra o racismo na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro, mas não só gritos de vidas negras importam. Foram também pedidos de justiça pelos jovens mortos em ações policiais nas favelas, mães inconformadas com a perda de filhos na falta de estratégia xde segurança pública no Rio de janeiro… gritos de indignação e revolta.
Um desses gritos foi de Mônica Cunha, 51 anos, fundadora e coordenadora do Movimento Moleque. Ela é ativista desde que perdeu seu filho Rafael da Silva Cunha, de 20 anos, numa ação policial no dia 5 de dezembro de 2006.
“Eu tive um crise de choro, eu não sou novinha, tinha que estar em casa, por conta da pandemia, mas estou aqui pra gritar por todos os filhos dessas mulheres que foram assassinados por causa do racismo. Estou aqui pelo meu filho Rafael. Isso é inadmissível. Nós, mulheres negras e mães, não aguentamos mais chorar, não aguentamos mais perder. Vidas negras importam” – disse cerrando o punho no ato em que pessoas uniram suas indignações e com bandeiras e faixas expressaram sentimentos feridos, por igualdades racial, injustiça e descaso dos governantes.
Movimentos LGBTQ+, gritaram pelo direito de amar do jeito que quiser, manifestantes que ainda não se conformaram com com mortes cruéis como a de João Pedro, de 14 anos, morto em casa jogando vídeo game com seus primos, no morro do Salgueiro em São Gonçalo. Faixas e gritos de pessoas que exigem e ainda esperam resposta de quem mandou matar Marielle franco e Anderson Gomes em 14 de maio de 2018. E mesmo com tanta paz, a Policia Militar e o Exército cercaram os manifestantes com carros, e até tanques de guerra para dar um certo ar de intimidação. Mas não havia motivo para violência.
No fim da manifestação, aos pés do busto de Zumbi dos Palmares, grupos de poetas de comunidades deram seu recado: “Onde eu faço minha carteirinha de não bandido? Infelizmente a realidade é a minha rotina”. Como perguntou certa vez Marielle, “Quantos mais terão que morrer pra essa guerra acabe?”
Foto Pedro Nelgri/ANF