Termina nesta quarta-feira (30), a pesquisa com líderes comunitários de favelas para entender o acesso a comidas frescas e sem agrotóxicos nesses territórios. O questionário online é realizado pelo “Grupo de Trabalho de Hortas da Rede Favela Sustentável”, que atua em prol da soberania alimentar e agricultura sustentável nas favelas. Segundo os organizadores, a pesquisa servirá como mapeamento para melhorar a oferta de legumes, verduras e frutas nas cestas básicas que estão sendo entregues durante e para além da pandemia.
“A gente precisava fazer essa pesquisa para entender os locais que têm a demanda por alimentos sustentáveis. É um movimento inédito de agricultores orgânicos e agroecológicos fazer com que esse tipo de comida sem veneno, chegue até os moradores das favelas”, afirma Lorena Portela, engenheira ambiental e coordenadora do “Horta Inteligente”, que está inserido no GT de Hortas da Favela Sustentável.
Segundo Lorena a pesquisa também pretende refletir e ver alternativas junto aos líderes para o além da doação de cestas básicas, que já estão em queda, e que seja algo rotineiro. “A pretensão é que as pessoas continuem interessadas em se alimentar desses produtos, mesmo que não seja por doação. Quem sabe fazer cestas com valores mais acessíveis ou organizar uma feira, para que essa ação tenha longos frutos”.
No morro da Providência, onde o “Horta Inteligente” está inserido, Lorena fala que o projeto foi bem aceito entre os moradores mas que é um desafio levar a dimensão da agricultura até a cidade. “Temos alguns espaços pequenos de experimentação pedagógica. Nossa aposta é na educação das crianças; os espaços que temos de plantio são em áreas estratégicas do morro, como a nossa área de agrofloresta que fica na entrada da favela”, explica. Além disso, a coordenadora fala que esses espaços naturais em um ambiente tão urbanizado levou mudanças não só na paisagem, mas na relação das pessoas com o espaço onde vivem e na relação do projeto com o morro.
O trabalho do GT de Hortas da Favela Sustentável reúne diversas atuações agroecológicas nas favelas e periferias do estado do Rio de Janeiro. Lorena considera essa junção de esforços uma atitude necessária para ampliar o debate. “O grupo da Favela Sustentável é basicamente formado por mulheres, então quando nos reunimos são mulheres juntas, pensando, conversando e propondo. Sinto que estou visualizando nesse momento um processo único de grupos de agricultura urbana ligados à periferia e favelas se fortalecendo e promovendo coisas”, completa.
Para responder a pesquisa clique aqui.
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