Amigo, a questão aqui não é “defender bandido”, direitos humanos é outra coisa, mas não vim falar disso. Quero simplificar nosso papo, ser objetivo, analisar a relação custo e benefício.
Vamos falar da “guerra às drogas” mas tendo como ponto principal da nossa discussão o bem maior, que é a vida. Quanto vale a vida? A pergunta foi mera retórica, claro, mas ajuda no nosso ponto de partida.
Estudiosos de segurança pública e críticos dessa “teoria do confronto” adotada no Rio de Janeiro dizem que essa forma de combate ao tráfico de drogas, por si, não faz sentido pelos danos causados na tentativa de alcançar determinado fim, que seria acabar com o comércio ilegal de drogas. Eles resumem a crítica com a frase “o remédio não pode matar mais que a doença”.
Perfeito, não? Em um comparativo reducionista, você tomaria um antibiótico que tem mais efeitos colaterais do que incidência de cura? Acredito que não. Então, partindo desse ponto como aceitar que a “guerra às drogas” se mantenha como política de segurança pública?
Estou simplificando a questão, por óbvio, é uma coluna de portal e não uma tese de mestrado, fato é que temos muito mais contato, notícias, medo e provavelmente casos de pessoas morrendo como conseqüência da “guerra às drogas” e da política de confronto utilizada, do que pessoas morrendo pelo consumo de drogas em si. Então, qual a lógica desse “remédio” adotado?
Se o objetivo for desestimular o consumo de drogas políticas públicas como as utilizadas no combate ao consumo do tabaco são muito mais efetivas. Se o problema é o comércio ilícito, legalizá-lo mata o mal na raiz. Fato é que, uma sociedade sem drogas nunca existiu, o ser humano consome substância para sair do seu “estado natural” desde os tempos mais primórdios, e acredito eu que nunca vai existir.
Você pode não concordar comigo quanto a legalização ou descriminalização, mas, fato é que a forma de combater o consumo adotada há décadas não deu certo. Se há uma “guerra às drogas” as drogas seguem nos ganhando de goleada.
No mais, qualquer tipo e quantidade de droga apreendida não vale as mortes tidas como efeitos colaterais do combate ao consumo/venda. Seja a mulher que morreu em um blitz em razão de os policiais, pautados pela teoria do confronto, terem confundido seu carro com de bandidos, seja dos 3 militares mortos nas operações na Penha e Alemão ou seja pelos mais de 14 mortos nas mesmas operações da Zona Norte, a perda de nenhuma dessas vidas pode ser relativizada, encarada como baixa de guerra, como efeito colateral aceitável. Essas mortes é o nosso remédio – combate às drogas pelo enfrentamento – matando mais que a doença – consumo de substância psicoativa ilícita.