O Hip Hop vai muito além de música, é uma mistura de cultura e movimentos sociais que ajudam a população periférica a expor sua liberdade de comunicação e os sentimentos relacionados às políticas sociais das favelas.
“As pessoas consomem e pautam as suas ideias a partir do que a mídia diz. Rap é música e Hip Hop é movimento sócio, político e cultural”, afirma o DJ Branco, coordenador da Casa do Hip Hop da Bahia.
Para muitos, o Hip Hop é apenas um gênero musical mas, na verdade, trata-se de uma cultura que consiste em diversos elementos: Dança – que é conhecida como o Break -, o Grafite – que é a identidade visual e o Rap – que é a própria música e significa ritmo e Poesia -, além do DJ e do Conhecimento, que são a base e para todos os outros elementos.
Além de ser cultura, o Hip Hop também é movimento. “Os elementos do Hip Hop são as pessoas que fazem parte e militam em prol dessa causa, que surge como forma de organização dentro dos bairros, e mobiliza a comunidade por meio da arte e reivindicação dos direitos.”, afirma o coordenador. No início da carreira, em 2001, quando ainda estava se engajando como radialista em uma rádio comunitária, Branco diz que foi repreendido pelo preconceito sobre o estereótipo que as pessoas tinham do Hip Hop.
O estilo musical é uma forma de reivindicação, os músicos utilizam o Rap para falar sobre os problemas sociais das suas favelas de origem, sobre a atual situação política do país, violência, drogas, atuação de policiais nas favelas, entre outros motivos que os levam a
mostrar a verdade da sua região. A maior dificuldade de quem vive do Rap é o mercado musical, que não abre as portas para esse gênero.
Em Salvador, por exemplo, o pagode e o axé são dominantes em shows e eventos da cidade, por esse motivo o DJ Branco afirma que, até hoje, ninguém consegue sobreviver apenas do Rap, já que os artistas desse gênero tem que pagar pra que os shows aconteçam.
* Matéria publicada no Jornal A Voz da Favela edição de Abril de 2019.