Quero falar sobre a diferença, entre conteúdo e repertório. Venho formulando está ideia, que não é original, mas que exponho aqui do modo como venho pensando. Até o advento da internet e junto com ele, a velocidade e globalização das trocas de informações, os conteúdos eram contidos em espécies de vasos.Esses vasos guardavam os conteúdos com muita segurança, com muita reserva e para acessa-los era necessário ter permissões e certos títulos de escolarização superior.
Como exemplos destes vasos posso citar as imensas bibliotecas, muitas vezes semelhantes a labirintos, os livros com linguagens inacessível, os grandes clássicos, alguns, ainda que necessário para a formação humanística, com linguagem inacessível, certas palestras e aulas aborrecidas e enigmáticas, e o cérebro dos professores, de onde, esperava-se, sairia uma substância chamada conhecimento que de alguma forma seria “transmitida” para o cérebro do aluno. Os alunos que não aprendiam era incapazes portanto de retirar desses vasos, o conhecimento.
Chega o computador e os conhecimentos chegam em outros formatos. A noção do tempo e espaço vira outra. As pessoas estão longe e perto ao mesmo tempo. A geografia imaginaria se transforma em ferramenta diária. E de todas as fontes possíveis das formas mais diversas.
O conhecimento vai se transformando em algo novo. Este algo novo é o que eu chamo de repertório. Seu repertório não é ditado pelas ordens da escola, nem do professor. Ele é o mapa movente e constantemente reformulado do caminho das suas andanças, pelas ideias que passam no mar incessante e veloz da internet mundo no qual estamos completamente imersos, mesmo quando dizemos não.
Os vídeos que você vê, as músicas que ouve enquanto digita um texto, as fotografias que você seleciona, as redes sociais onde aprende sobre outras pessoas e culturas, os artigos pequenos e de linguagem que te atraem e que você lê e guarda nos seus arquivos, as palestras filmadas que você assiste on-line, tudo isso é a escola que você monta pra você. É seu repertório. Mas pode ser compartilhado entre seus amigos. Evidentemente poder ser compartilhado, em parceria, com professor visionário e apaixonado pelo seu saber, que vibre em ver teu conhecimento chegando, aflorando. Que seja, como aquele que Robin Wilians encarnou no filme Sociedade dos poetas mortos, um professor que queira ver seu diamante, ousado e vibrante, brilhar.