Na solenidade pelos 13 anos da Lei Maria da Penha, o ministro da Justiça, Sergio Moro, declarou, na última quarta-feira (7), que os homens se sentem “intimidados pelas mulheres”, e que esse é um dos motivos para que os companheiros, infelizmente, recorram a violência.

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Na declaração dada pelo ministro ele afirma que, “Talvez nós, homens, nos sintamos intimidados pelo crescente papel da mulher em nossa sociedade. Por conta disso, parte de nós recorre, infelizmente, à violência física ou moral”. Mais tarde, Moro reafirmou a declaração em sua conta no Twitter, acrescentando ainda que não falou como ministro, e sim como filho, marido e pai de mulheres fortes.

Em resposta ao ministro, a antropóloga Debora Diniz, pesquisadora de temas feministas, que se mudou para os Estados Unidos após receber ameaças de morte por seu protagonismo nas audiências sobre aborto no Supremo Tribunal Federal (STF) , escreveu: “Não confunda as razões íntimas de homens brutos com explicações sociológicas para a violência. Homens que ameaçam mulheres são covardes.”

Apesar dos 13 anos da existência da Lei Maria da Penha, o número de mulheres assassinadas no país cresce de forma assustadora. Segundo o Atlas da Violência de 2019, 4.963 brasileiras foram mortas em 2017, considerado o maior registro em dez anos. Os dados mostram ainda, que entre 2012 e 2017, aumentou 28,7% o número de assassinatos de mulheres na própria residência por arma de fogo.

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Entre tantas manifestações contra a declaração de Sério Moro, está a de Daniela Borges, Presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB: “A violência doméstica e familiar contra mulher é a mais visível e radical forma de manifestação do machismo. Um homem acreditar que poder agredir física ou psicologicamente uma mulher por ser mulher. E Moro, Ministro da Justiça, publica uma manifestação dessa. A frase de Moro contém tantos estereótipos machistas que podemos nos impressionar com a capacidade dele de condensar tantos absurdos em um texto tão curto”, declara.

Nada justifica a violência contra a mulher. E quando o homem transforma sua insegurança em violência significa que ele está utilizando suas masculinidades tóxicas, que devem ser substituídas por novas masculinidades. A masculinidade do companheirismo, da divisão de tarefas, da segurança e do compartilhar.

Ao ministro Sérgio Moro e a quem compartilha do mesmo pensamento, nós, mulheres que lutamos todos os dias, incansavelmente, contra a violência de companheiros e ex-companheiros. Nós, mulheres, que andamos com medo nas ruas, nos solidarizamos com as vitimas de violência, com as famílias de guerreiras que sofreram feminicídio.
Não, nós não soltaremos a mão das nossas irmãs.

Em caso de violência contra uma pessoa da sua família, uma amiga, uma vizinha.
DENUNCIE!!!