Honório_GurgelEstava na noite da última sexta-feira, aqui de meu quarto em Minas Gerais, recuperando-me de uma grave crise de amigdalite que adquiri após a semana intensa da folias de Momo no Rio de Janeiro! Sem dúvida, não tenho nenhum arrependimento, estou me guardando já para o próximo carnaval…

Mas nem tudo é alegria, e infelizmente, pelo Facebook percebi que as coisas não iam muito bem no local onde nasci, aqui de longe fico ainda mais preocupado, triste e revoltado, por estar de mãos atadas… Mais um tiroteio se iniciava em Honório Gurgel, como, lamentavelmente, têm ocorrido nos últimos tempos!

No Rio de Janeiro da UPP, de Cabral, Pezão e Beltrame, do Exército de Dilma Russef ocupando a Maré, a bala continua comendo e atingindo só a ralé…

Meu bairro, como assim, sempre farei, porque naquele lugar estão todas minhas memórias sempre foi e é negligenciado pelos Governos, lá, infelizmente, abandonados os trabalhadores ficam sempre sujeitos a insegurança, tal como, seu filhos, que ao saírem da escola não têm nenhuma atividade recreativa ou cultural para realizarem.

E nos campos de futebol, ou nas brincadeiras de pique e soltar pipa, crianças, como eu fui, até fazem, mais com todos os riscos desde serem atropelados por um carro, quando correm olhando para o alto atrás da pipa, como até tomarem um tiro de bala perdido, ou um tapa na cara de mão achada e fardada, não esquecemos, assim é na favela, assim é ainda mais onde o 9º BPM atua!

E se tem um lugar que todo moleque de Honório Gurgel, toda dona de casa, todo pai de família, todo cachaça, padre, pastor, pai de santo e etc e tal… Nunca deixou de ir, nem que fosse só para ver, pois as vezes faltava grana para comprar um tomate, foi na Feira de Honório Gurgel, todos os sábados!

Que toma a passarela da Estação de Trem, desde da Rua das Safiras, atravessando-a e chegando até quase Marechal Hermes; gigante feira e rica em tudo! Mas pela “Guerra” que se instalou na localidade, no último sábado não teve Feira!!!

Não lembro um dia, dos 23 que vivi naquele bairro que não tenha tido feira no sábado! É de fato estarrecedor, o que a atual política de INSEGURANÇA PÚBLICA de Pezão e do Sr. José Beltrame chegaram a fazer com o Rio de Janeiro, e acertarem em cheio meu querido bairro.

A política pública de segurança que privilegia apenas a Zona Sul, e aos pobres e trabalhadores, jogados na Zona Norte e Favelas é só criminalização! É uma polícia que mata, como já se foi feita a denúncia que os dois jovens mortos na Palmeirinha vendiam Mate Leão na praia aos domingos, como é bem comum naquele favela. Até brinco sempre com meus amigos, dizendo, todos os Mates da Praia saem de Honório Gurgel!

E quando Ildegard Angel disse a asneira de acabar com os ônibus e trens nos fins de semana, falei que também ficariam sem Mate na praia! Pois bem, de fundo quero aqui deixar um clamor a todos nós, é questão de Vida ou Morte para todos discutirmos a fundo a Legalização das Drogas!

Não podemos mais aceitar vivermos entre balas por um problema que não fomos nós quem criou, e sim é culpa desses Governos que financiados por bancos e empresários que comandam de fora da favela o tráfico de drogas internacional, lucram cifras bilionárias por ano, e nós temos que pagar o peso de carregar os caixões de nossos amigos e parentes!

A favela precisa se organizar para buscar sua Liberdade frente a Criminalização da Pobreza, e combater a atual política de Segurança Pública implementada pelos Governos, que na verdade usam a polícia nos locais onde deveriam usar políticas sociais, de geração de oportunidades e empregos, e criação cultural, por exemplo, nosso bairro de Honório Gurgel que já forneceu tantos compositores e membros de escolas como nossa querida Águia de Madureira, nossa Portela, e nosso carinhoso Reizinho de Madureira, viva o Império, não tem um projeto de percussão ou de incentivo ao samba se quer!

Necessitamos, mais do que nunca entre nós de jogar todos os tabus para fora e discutirmos a fundo o que é o melhor para nossos bairros e favelas: uma guerra às drogas? Quem são as drogas? Ou uma política séria de conscientização e tratamento das drogas como devem ser, começando pela sua descriminalização, pois afinal, pergunto: qual seria o motivo para tantas armas nas favelas se não a defesa dos pontos de vendas de drogas?