Papel de copos descartados por rede de fast-food serve de tela para artista da periferia
A artista plástica autodidata, Eduarda Samontezze, moradora de Cascadura, Zona Norte do Rio de Janeiro, faz do lixo sua arte e sustento. Ela reutiliza copos de uma rede de fast-food para confeccionar cartões e marcadores de livros com pinturas de paisagens, personalidades e temáticas sociais. A maior parte da produção começou diante das dificuldades agravadas pela pandemia.
Integrante do movimento Lixo Zero, Eduarda usa em seu processo produtivo a metodologia do design regenerativo, que busca o reequilíbrio entre a natureza e os seres humanos. “Uma empresa regenerativa entende que não existe descarte, já que o lixo fica dentro do próprio planeta”, explica. Todo o desenvolvimento de criação da ilustradora é sustentável: tintas e plásticos são biodegradáveis e o trabalho é feito com metas diárias de redução de lixo.
Neste ano, ela pretende montar uma equipe de produção com pessoas em situação de rua. “O trabalho dos catadores é de extrema importância para a cidade e para o meio ambiente. É uma profissão muito bonita e digna. Minha empresa será uma oportunidade real de crescimento de cargos e liderança, fora o ambiente que estou me esforçando para desenvolver, com qualidade de vida e trabalho.”
A microempresária não se preocupa apenas com a sustentabilidade e o bem-estar das pessoas, ela também usa a sua arte para ajudar a dar voz e visibilidade a causas sociais, como as da comunidade LGBTQI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queers e intersexuais), e dos movimentos negro e contra a gordofobia. “Não me envolvo com causas só porque gosto ou admiro. Já sofri muito na pele com o racismo, conheço a dor da fome e da discriminação. Sou poetiza, drag queen e mãe solo também”. Ela agora vê a sua arte não só como uma forma de dar a volta por cima das suas dores, mas como um legado.
Para conhecer mais e comprar as artes feitas por Eduarda Samontezze, acesse: Site – www.eduardasamontezze.com
Instragram – www.instagram/eduarda_samontezze
Matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela de fevereiro de 2021.
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