Histórias vividas no “Só Cria Pré-vestibular Popular”, na favela da Rocinha
De acordo com a pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, lançada em julho de 2020 pelo UNICEF, a população brasileira que vive com pessoas menores de 18 anos em casa foi maioria entre os que tiveram redução de rendimentos, ficaram sujeitos à insegurança alimentar e à fome, entre outros desafios.
Na comunidade da Rocinha não foi diferente: na seleção da turma de 2021, o “Só Cria Pré-vestibular Popular” identificou que a insegurança alimentar é o primeiro e maior problema estrutural vivenciado pelos candidatos. Atinge 68% do total de 50 estudantes entrevistados, além de outras questões que impactaram a vida dos moradores da respectiva favela nesse período.
Mauricio Peres, estudante do Só Cria, relata a sua situação: “Na pandemia a situação ficou bem complicada, com os pais tendo que sair para trabalhar e as crianças sem creche e sem local para estudar. O fechamento das escolas impactou também a questão alimentar das crianças”.
Segundo Lucimar Santos, outra estudante do Pré-vestibular, 2020 e o início de 2021 foram períodos muito estressantes. “Me senti presa dentro de casa, com meu neto sem poder ir para escola, eu também tendo que cuidar da minha mãe”, desabafou a aluna, que cursa as aulas no Só cria no atual ano letivo.
Consciente do valor irrisório concedido pela merenda escolar (R$ 54,25 por mês) e da trágica situação imposta aos moradores da favela, o “Só Cria Pré-vestibular Popular”, além de ter apoiado o aumento do valor do cartão-merenda repassado às famílias com crianças matriculadas nas escolas públicas, vem promovendo campanhas de arrecadação de cestas básicas para seus estudantes, trabalhando, assim, na construção de um projeto educacional que planeja suas ações na perspectiva dos Direitos Humanos. Dessa forma, compreende que a questão do acesso à alimentação segura e de qualidade compõe uma das camadas do desenvolvimento estudantil e pode ser determinante para o desempenho nos vestibulares.
“O Só Cria tem me ajudado demais com a distribuição de cestas básicas e também na questão psicológica, de saúde mental”, avalia Mauricio.
Já para Lucimar, voltar a estudar foi uma vitória. “O Pré-vestibular me resgatou, para eu ter uma nova possibilidade de acreditar que ainda posso crescer”, conclui a estudante.
Matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela edição (outubro/2021)
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