A pandemia da Covid 19 expôs ainda mais as fragilidades sociais e econômicas das sociedades mundiais, e não menos diferente, colocou em evidência também as nossas, haja vista que não são poucas e nem de agora.
Diante da necessidade do distanciamento e isolamento social, a pandemia da Covid-19 trouxe como impacto também, a pausa das atividades laborais, e em muitos casos, o fechamento de empresas, aumentando assim, o caos econômico que agrava ainda mais as condições de sobrevivência dos mais vulneráveis, e por que não dizer, das pessoas mais pobres e que em sua grande maioria habitam as periferias marginalizadas das cidades.
De repente, essa parcela da sociedade se viu diante do dilema entre ficar em casa, evitando o contágio da doença, mas ao mesmo tempo, consequentemente, tendo que procurar meios para sair da escassez de recursos que afetam absolutamente suas vidas.
E sair para as ruas, tem sido inevitável, em busca de alternativas que melhorem um pouco suas realidades.
O fato é que as duas opções a serem seguidas, a de ficar em casa, e a de procurar meios para sobreviver, estão de todo modo corretas, haja vista que evitar o contágio é inquestionavelmente necessário, mas é indispensável também, buscar mecanismos que possam minorar a deplorável situação de necessidades básicas na vida das pessoas pobres, sendo que, os benefícios emergenciais criados.
Mesmo com a resistência do governo em não ceder, não chegam a contemplar todos os indivíduos, sem contar também, o valor irrisório de tais benefícios que de todo modo, não suprem as dificuldades financeiras dessas pessoas.
Diante disso, o que vemos pelas ruas são essas pessoas tentando se reinventar, montando estratégias de sobrevivência mesmo diante do enorme risco de se contaminar devido as necessidades que os assolam.
As periferias estão cheias de novas iniciativas que estimulam oportunidades ou maneiras de adquirir um acréscimo nos rendimentos econômicos. Sem romantizar a pobreza, a desigualdade social e a escassez de recursos, as pessoas das periferias nos ensinam todo dia o que é resistência, solidariedade, resiliência e fé.
Mas é interessante ressaltar que não devemos fechar os olhos para esses abismos sociais que se alargam a cada dia, nem tão pouco reforçar o discurso romântico que se vale do empreender como forma de ascender nessa pirâmide desigual, onde muitas vezes, só serve para legitimar a responsabilidade do pobre pela sua própria pobreza.
E não é assim que a dinâmica social funciona, a base reflexiva para isso requer outras variáveis analíticas.
Porque estamos cientes de que mesmo a pandemia sendo um momento cruel para todos os povos, o que se tem visto é que quem já era rico continuou mais rico, e vice versa.
Segundo Tamires Vitorio, economista, da CNN Brasil, “A pandemia do novo coronavírus afetou o bolso de muita gente, mas não da mesma forma. Enquanto muitos perderam seus empregos e têm dificuldade para manter as contas em dia, a riqueza dos maiores bilionários do mundo aumentou em cerca de US$ 5 trilhões”.
De acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OIT) “No mundo em desenvolvimento, trabalhadores pagos por peça, diaristas e comerciantes informais podem ser igualmente pressionados pela necessidade de alimentar a família. Todos nós sofreremos com essa situação. Isso não apenas aumentará a disseminação do vírus, mas, a longo prazo, ampliará drasticamente os ciclos de pobreza e desigualdade”.
Portanto, essa tem sido a dinâmica cruel da pandemia da Covid 19. Criou abismos ainda mais profundos na vida das pessoas das classes menos favorecidas, expôs as fragilidades do sistema, bem como o projeto de extermínio dos mais pobres, que sujeitos a uma coisa ou outra, se submetem de todo jeito à possibilidade de morrer seja de fome, ou vítima da doença.
Sobre isso, a Organização Mundial do Trabalho (OIT) pontua que, “Temos a oportunidade de salvar milhões de empregos e de empresas, se os governos agirem com determinação para garantir a continuidade dos negócios, impedir demissões e proteger os trabalhadores vulneráveis. As decisões que eles adotam, hoje, determinarão a saúde de nossas sociedades e economias nos próximos anos”.
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