Ontem, no dia 25 de Junho vereadores do Rio de Janeiro decidiram negar o pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella. Por 35 votos contra 13, a decisão foi a de arquivar as três denúncias feitas contra o prefeito. A denúncia indicava irregularidades na renovação de contratos com concessionárias estrangeiras.

Segundo a denúncia, a prefeitura teria renovado o contrato sem abrir concorrência e dessa forma gerado prejuízo aos cofres públicos e se baseava nas seguintes alegações:

  • Omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do município sujeito à administração da Prefeitura;
  • Praticar contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou omitiu-se na sua prática;
  • Proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.
Marcelo Crivella, Prefeito do Rio de Janeiro

Nas três denúncias os vereadores decidiram por maioria arquivar as denúncias. Entretanto, não é a primeira vez que se discute o impeachment do prefeito Crivella. Em Julho do ano passado, o jornal o Globo divulgou uma reportagem sobre uma reunião que o prefeito teve com 250 pastores e líderes religiosos onde ofereceu vantagens para agilizar o processo para cirurgias de cataratas por exemplo.

Em áudio gravado pelo repórter do jornal, o prefeito disse “Se os irmãos conhecerem alguém, por favor, falem com a Márcia. É só conversar com ela, vai anotar, vai encaminhar. Daqui a uma semana ou duas, eles estão operando.” Em outro momento ele diz “Tem pastores que estão com problemas de IPTU. Igreja não pode pagar IPTU, nem em caso de salão alugado. Mas, se você não falar com o doutor Milton, esse processo pode demorar e demorar. Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses processos andarem. Temos que dar um fim nisso”. O caso rendeu a ele uma denúncia de improbidade administrativa, que é um crime de responsabilidade dentro da administração pública. Mas por 26 votos contra 16, os vereadores decidiram não abrir investigação contra o prefeito.

Uma pesquisa divulgada em Março de 2018 o prefeito já tinha reprovação de 58% dos moradores do Rio de Janeiro. Apesar disso, Crivella conseguiu se livrar de 2 pedidos de impeachment num pequeno período de tempo – um de julho de 2018 e outro agora em junho de 2019. Em uma cidade onde morre-se por conta da chuva e falta de investimento público em políticas de prevenção, o prefeito é flagrado dando vantagens a um grupo religioso especifico e acusado de improbidade administrativa causando prejuízos financeiros ao cofre público. Para falar a língua do pastor-prefeito: é realmente um milagre que cidade sobreviva a tudo isso.