Indígenas do Sul da Bahia, precisamente da região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, que vivem do turismo e da venda dos artesanatos, enfrentam dificuldades financeiras ainda mais graves do que a maior parte da população, em consequência da pandemia. Muitos estão recorrendo à internet para manter seus negócios, e é pela via digital que expõem seus produtos.
Celma Pataxó mora em Coroa Vermelha, costura e confecciona bolsas e mochilas para vender no comércio indígena local, mas está há três meses sem faturar, pela ausência dos turistas na região. Na internet ela encontrou a maneira de driblar a dificuldade financeira e, com a ajuda da filha, começa a ver resultados com a propaganda e a venda online.
O retorno financeiro possibilita a Celma costurar máscaras e fazer doações de cerca de 300 kits de proteção para comunidades indígenas. Estevita Queiroz, filha de Celma, divulga pela internet brincos, colares e miçangas, entre outros, acerta com os clientes os pedidos e valores, sem interromper a produção da mãe. As encomendas são enviadas pelos Correiros para várias cidades do país.
Alguns indígenas utilizam suas redes pessoais para divulgar os produtos de artesãos da região, como é o caso de Tukumã Pataxó, 21 anos, que ajuda de forma voluntária os comerciantes nesse período da pandemia. A divulgação na internet não se limita a produtos, mas estende-se também aos serviços. Os atendimentos terapêuticos e consultas espirituais estão na onda virtual. O educador e terapeuta Ubiraci Pataxó, por exemplo, promove sessões de terapia diretamente de casa: “A adaptação que eu tenho feito é que a espiritualidade que está em mim possa chegar a você através das minhas palavras”.
As terapias em grupo são gratuitas, feitas por meio da Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa (Abratecom), Associação Brasileira de Psiquiatria Social (Apsbra), juntamente com o Ministério da Saúde. De acordo com o IBGE, no Brasil são cerca de 7.103 localidades indígenas, segundo dados divulgados neste ano, e 896.917 indígenas contabilizados no último censo demográfico de 2010.