Na data em que comemoramos o Dia Mundial da Imunização (9 de junho), dados da pesquisa data poder de maio de 2021, mostram que 82% dos entrevistados pretendem tomar alguma vacina que combata o coronavírus. Esse número tem crescido nos últimos meses, o que é uma boa notícia, tendo em vista um cenário de mais de mil mortes diárias em decorrência da doença.
No entanto, segundo o Mapa da Vacinação contra Covid-19 no Brasil, do G1, pouco mais de 23% dos brasileiros haviam sido vacinados com a primeira dose e quase 11% com a segunda até o dia 7 de junho de 2021. Esses números baixos podem ter relação com o atraso no processo de imunização, comparado a outros países, que iniciaram em dezembro e já tem grande parte da população vacinada.
O grande volume populacional não justificaria esse atraso, mas fatores como a dispensa na compra de vacinas da Pfizer, apontadas na CPI do Covid-19, causou um cenário de escassez de imunizantes em todo o território nacional, assim como a falta do insumo IFA, que provocou a interrupção da fabricação nacional e a adesão à segunda dose da vacinação. Notícias recentes mostraram que agentes de saúde têm ido atrás de pacientes para garantir a segunda dose.
Para Leonídio Sousa Santos, Coordenador da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, a naturalização do cenário de pandemia e discursos que circulam amplamente como “a vacina tem um chip”, “vai interferir nos genes da pessoa”, “é de país comunista”, “é produzida a partir de fetos”, aquece o movimento contrário à vacina.
A questão da adesão à vacina pelos moradores das favelas é uma das preocupações de William Oliveira, 50 anos, coordenador geral do coletivo missão rocinha e diretor da Federação de favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ). “Acredito que essas pessoas, pela sua resistência, pelo olhar político, e por algumas ideologias que acreditam, irão resistir para vacinar e chegará o momento em que a obrigatoriedade vai gerar o embate”, explica.
Segundo Leonídio, é preciso mudar o discurso da penalização para uma perspectiva de luta por direitos. “Se a gente pensa na penalização para quem não quiser se vacinar, estamos reforçando esse quadro do processo de vulnerabilização dessa população das favelas e periferias. É dever do Estado Brasileiro garantir adequadamente que o plano de imunização, a informação correta e qualificada, chegue até as pessoas”.
O especialista aponta ainda que para uma boa adesão da vacinação é preciso fazer campanhas de esclarecimento, e ter uma mobilização por parte do poder público e dos movimentos organizados das favelas para mostrar a importância da vacinação para erradicação de doenças na sociedade. “O direito à vida digna nas favelas, passa pela vacina, mas passa também por todas aquelas demais políticas de garantia da vida”.
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