Quando um poeta
Sensibiliza-se
Pede licença as matriarcas,
mergulha pena, banha-se do sal das lembranças
e aveluda no teclar minucioso das palavras, discutindo isso e aquilo…
O mundo agradece e bate palmas.
Quando uma poetisa
Sensibiliza-se
O clamor das estruturas fissuram e trepidam,
as ruas mudam de mão,
e rompem-se no cintilar de novas estrelas,
desvendando as venturas das minas e rueiras e a exposição dos chacais e seus asseclas…
O mundo para, respira e enaltece.
Mas quando uma poetisa negra,
Se põe a declamar…
Os arcanjos desembainham guerra contra o senhor,
a rebelião enegrece os céus em turvo vinho
e os tambores ressoam atomizados e aniquiladores.
A vanguarda absoluta, o mais alto ato marginal,
onde as damas derrotadas equilibram-se em saltos
e caem ridículas pelas escadas,
os aristocratas caem,
os aviões caem,
as catedrais e as explorações caem.
A gravidade social desmantela-se e esmaga-se
e as favelas pelas periferias do mundo,
flutuam elegantes e revolucionárias como um pesadelo.
O mundo para, sufoca e pede perdão.
Nota: Com os maiores índices de violência contante, as piores condições de trabalho, menores salário, ocupando os mais precariados postos e vivendo em situação de moradia: menos saudável e mais vulnerável. As mulheres negras na base da pirâmide social, enfrentam o racismo, o machismo e a pobreza. Devemos desafiar essa estrutura radicalmente.