Cerco nas favelas, tanques de guerra na entrada do morro, revistas e tapa na cara de trabalhador, casas invadidas sem mandados, pessoas chorando sem poder se defender. Assim é o que mais acontece nas favelas e periferias. Assim como algo tangente, vejo agora esse tema da intervenção na Segurança como algo sem lógica e sem noção.
A corrupção enraizada nos altos escalões do setor público, principalmente os da área de segurança e os que legislam em nome do povo, como vão resolver um problema se não vão à raiz do mesmo? Como vão apresentar algo positivo num cenário de falência financeira? Como apresentar um resultado positivo diante um cenário onde a justiça não se entende, onde um golpe institucional foi o palco recente, visto e arquitetado de forma covarde e televisionado a olho nu. Como?
Deixaram chegar a esse momento como algo proposital. Parece que estão comemorando como um gol aos quarenta e cinco do segundo tempo. Depois de tantos escalabros e desordem, o povo clama por algo que os acudam, e essa Intervenção veio a calhar em meio ao caos. Como temos ouvido essa palavra nos últimos anos. Os momentos de pânico e desespero das pessoas estão sendo usados para aprovação popular desse ato que atingirá diretamente as favelas como alvo principal, como se só as favelas fossem toda a culpa de toda essa desordem causada por eles mesmo, que hoje apresentam uma “solução”. Enfim, aplica-se, agora, a famosa regra de três:
1° Crie um problema.
2° Divulgue o problema, para que as pessoas cobrem uma solução
3º Apresenta a solução mediante ao apelo das pessoas em pânico.
O momento é de um reset na cultura das vantagens individuais e onde o poder constituído está derrotado diante às fraquezas dos lideres públicos fracassados e destruídos pela corrupção e volúpia de um grupo de quadrilheiros que estão surrupiando a nação.
Como essa intervenção vai combater o crime organizado se quem pensou nisso é ma quadrilha de corruptos que tomaram o poder na marra? O mesmo partido que está no controle na esfera federal e estadual é o mesmo partido que articulou um golpe e tomou a presidência na base da força e de forma inescrupulosa.
Agora que já anunciaram a intervenção e pelo visto a sociedade está clamando por socorro, o que nos restam como moradores de favelas é buscar se proteger e se inteirar de nossos direitos e deveres. Mediante a isso, seremos os mais atingidos de forma direta. Sempre houve intervenção nas favelas, sempre houve abusos dos mais cruéis possíveis, e os moradores sabem bem como funciona por aqui.
Os políticos que pensaram nessa atitude não estão pensando no povo, eles estão preocupados em atender a um apelo diante ao desespero. Essa medida é arbitrária e covarde, pois temos a plena ciência que os pobres e periféricos serão os mais atingidos de forma direta. O ano é politico, muitos precisam manter-se no poder e os meios para angariar verbas é visível, e por meio da implantação desse caos na segurança, essa intervenção é um prato cheio, uma brecha enorme para entrada de recursos emergenciais para ajudar nas campanhas que virão aí.
Minha sugestão, nesse momento, tem um grupo de pensadores, articuladores, comunicadores comunitário, ativistas diversos, artistas, defensores dos direitos humanos, entre outros, mas a voz dos moradores é de suma importância fazer se ouvir e reverberar, e nesse encontro que será, hoje, às 19h, no Circo Crescer e Viver tem que se ouvir, também, o apelo dos que vivem no olho do furacão. No papel tudo é lindo, tudo é bonito, mas quando o bicho pega na favela, os moradores não tem quem nos defenda. Aqui dentro o bagulho é doido, camaradas.
Sou a favor da intervenção, desde que seja nos batalhões e quartéis, prendendo os agentes da lei corruptos, tomando a Alerj e prendendo os políticos que assolaram e roubaram os cofres públicos, tomando os bens que foram roubados e, aí sim, passarei a começar a acreditar em algo. Fora disso, tudo não passará de propaganda política e pirotecnia sem fogos.