“Jackson é pop”, exposição sobre vida e obra de Jackson do Pandeiro, chega a São Paulo

Além da exposição, a programação conta com oficinas e workshop- Foto: Reprodução (Forró Patrimônio Cultural)

Em São Paulo, será possível visitar a exposição “Jakcson é Pop”, de 13 de novembro a 13 de dezembro de 2020. Para isso, basta ir ao Centro Cultural Santo Amaro, que abrigará várias outras ações afins ao tema, todas gratuitas. As atividades têm como realizadores o Bloco do Beco, o Centro Cultural Santo Amaro e a Prefeitura de São Paulo.

O responsável pela remontagem é um dos curadores da Sala de Música do Museu da Arte Popular da Paraíba (MAPP), Sandrinho Dupan, que também dará uma aula espetáculo na abertura do evento, às 20h. A preleção de Sandrinho abordará aspectos práticos e teóricos, abrangendo ritmos como coco, baião e rojão, sua história, conceitos e sons.

Já o encerramento ficará a cargo da cantora e compositora pernambucana Anastácia. Aos 80 anos, a artista lançou recentemente um EP com cinco canções inéditas, em que comemora 60 anos de carreira. São cerca de 800 músicas compostas, mais de 200 delas com Dominguinhos, com quem foi casada por 12 anos.

O centenário de Jackson do Pandeiro – o Rei do Ritmo – foi motivo de muita festa e comemoração durante todo o ano passado na Paraíba e agora, assim como o artista, a exposição “Jakcson é Pop” começa a ganhar o mundo.

A exposição original foi montada no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), conhecido como o museu dos Três Pandeiros, em Campina Grande, e atraiu a atenção de milhares de turistas que participaram do “Maior São João do Mundo” em 2019. Depois, foi instalada no Congresso Nacional, em Brasília, e agora, São Paulo – a maior metrópole do país – terá a oportunidade de conhecer toda a genialidade do paraibano que conquistou o mundo ao som do seu pandeiro.

“Jackson é Pop” é uma iniciativa da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) como forma de homenagear o artista nascido em Alagoa Grande (PB) no ano em que ele faria 100 anos de vida.

O Memorial Jackson do Pandeiro fica no centro de Alagoa Grande-PB- Crédito: Acervo Memorial Jackson do Pandeiro

Segundo a assessoria do evento, Anastácia contará um pouco de sua vivência com o Rei do Ritmo, posto que sua profícua parceria com a música brasileira fez com que estreitasse laços com outros artistas nordestinos.

Oficinas de cordel, pandeiro e dança

No mesmo período em que ocorre a exposição também serão oferecidas ao público oficinas de cordel, pandeiro e dança. Segundo o curador da Sala de Música do Museu da Arte Popular da Paraíba (MAPP), Sandrinho Dupan, o conjunto de ações busca promover um maior aprofundamento e compreensão da obra de Jackson.

As vagas para as oficinas são limitadas e as inscrições já estão abertas. Para se inscrever basta acessar a página: Inscrição paras as oficinas de cordel, pandeiro e dança.

Os organizadores do evento em São Paulo colocaram um telefone para os interessados tirarem dúvidas: (13) 99711-9936. Mais informações também podem ser solicitadas pelo e-mail expojackson100@gmail.com ou pelo portal Forró Patrimônio Cultural – Forro Patrimônio Cultural

Quem foi “O Rei do Ritmo”

Jackson do Pandeiro teve em sua mãe a primeira referência na música- Crédito: Acervo Memorial Jackson do Pandeiro

Jackson do Pandeiro, nome artístico de José Gomes Filho (Alagoa Grande (PB), nasceu em 31 de agosto de 1919 – morreu em Brasília no dia 10 de julho de 1982), foi um cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro. Também conhecido como O Rei do Ritmo.

Jackson nasceu no bairro Engenho Tanques, com o nome de José Gomes Filho. Ele era filho de uma cantadora de coco, Flora Mourão. Através dela Jackson começou a tomar gosto pelo ritmo como tocador de zabumba. Após a morte do pai, José Gomes, no início dos anos 30, a família decide se mudar para Campina Grande. A pé, Flora e três filhos. José (Jackson), Severina e João, vão tentar uma nova vida, após quatro dias de viagem.

Em Campina Grande, Jackson trabalhou como engraxate, ajudante de padaria e nas noites, tocava no Cassino Eldorado, em Campina Grande- PB, de Josefa Tributino, sua madrinha artística, a qual foi homenageada na música Forró em Campina. Na feira central de Campina, conviveu com artistas populares, como coquistas e violeiros. Seu nome artístico originou-se das brincadeiras de criança, ainda em Alagoa Grande, dos filmes de faroeste, no tempo do cinema mudo, onde se autodenominava Jack, inspirado em Jack Perry, artista dos referidos filmes. O apelido pegou, e em Campina Grande, após iniciar como pandeirista ficou conhecido como Jack do Pandeiro, e passando a acompanhar artistas da terra.

Mudou-se para João Pessoa nos anos 40 e continuou sua vida de músico tocando em boates e cabarés, sendo, logo a seguir contratado pela Rádio Tabajara para atuar na orquestra daquela emissora, sob a batuta do maestro Nozinho. Quando o maestro Nozinho foi contratado para a Rádio Jornal do Commercio, de Recife, levou alguns membros da orquestra Tabajara, entre eles Jackson do Pandeiro.

Somente em 1953, com trinta e cinco anos, Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso: “Sebastiana“, de Rosil Cavalcanti. Logo depois, emplacou outro grande hit: “Forró em Limoeiro“, rojão composto por Edgar Ferreira.

Foi na rádio pernambucana que ele conheceu Almira Castilho de Albuquerque, com quem se casou em 1956, vivendo com ela até 1967. Depois de doze anos de convivência, Jackson e Almira se separaram e ele se casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, com quem viveu até seus últimos dias de vida.

No Rio de Janeiro, já trabalhando na Rádio Nacional, Jackson alcançou grande sucesso com “O Canto da Ema“, “Chiclete com Banana” e “Um a Um“. Os críticos ficavam abismados com a facilidade de Jackson em cantar os mais diversos gêneros musicais: baião, coco, samba-coco, rojão, além de marchinhas de carnaval.