A Folha decidiu suspender a cobertura à porta do Palácio da Alvorada temporariamente até que o Palácio do Planalto garanta a segurança dos profissionais de imprensa. O grupo Globo aderiu à iniciativa um tanto tardia, tendo em vista os desaforos e provocações que sofrem repórteres, fotógrafos e cinegrafistas toda manhã no circo armado para os rompantes de fúria e ódio de Jair Bolsonaro.
Hoje, 25, antes das agressões verbais, o presidente criticou a imprensa: “No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo”, disse. Simpatizantes apoiaram respondendo “Isso aí”.
Uma mulher passou pela fila dos jornalistas repetindo aos berros: “Ó o lixo, ó o lixo, ó o lixo”. “Escória! Lixos! Ratos! Ratazanas! Bolsonaro até 2050! Imprensa podre! Comunistas”, enquanto outros faziam coro de “mídia lixo”.
“Sem vergonha. Vocês não mostram a realidade!”, disse outra mulher. “Eu não sei como vocês conseguem dormir à noite. Vocês não representam a população brasileira! Mídia comunista, comprada! Cambada de safados!”, gritou um homem.
A Folha de S. Paulo questionou o Gabinete de Segurança Institucional, responsável pela segurança do Alvorada, e a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), mas não recebeu resposta. Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de Relações Institucionais do grupo Globo, comunicou a decisão da empresa por carta ao ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno.
As manifestações da claque reunida diariamente à porta da residência oficial desagradam a imprensa em geral e a parcela da opinião pública que não apoia a falta de educação e civilidade nas relações institucionais. Pelo nível das agressões e dos xingamentos percebe-se o tipo de pessoas que o presidente Jair Bolsonaro representa nas reuniões de trabalho no Planalto, como a exposta na gravação de 22 de abril, quando palavrões e expressões chulas foram a tônica.