Jovem de 25 anos vence a pandemia criando um negócio do zero

Hugo conta sua história de sucesso e busca oferecer informações e suporte sobre empreendedorismo, finanças e negócios para aqueles que não tem acesso.

Hugo vendendo nas ruas de Copacabana _ foto: arquivo pessoal

Hugo Almeida, 25 anos, é nascido em Nova Iguaçu e criado por uma família de origem pobre, com a mãe Valeria Regina de Almeida assumindo duplo papel, visto que seu pai faleceu quando ainda tinha 6 meses. Foi logo cedo que aprendeu com a mãe o espírito empreendedor, pois esta comprava diversos produtos e vendia para poder garantir o sustento de sua família.

Com esse caminho em mente, Hugo começou a trabalhar em algumas empresas, mas nunca dava certo, porque estava deprimido e sem perspectivas. Foi quando estava em uma empresa de mercado imobiliário e com o mercado em baixa, ouviu um conselho para tentar começar a vender algo “por fora” e fazer uma fonte de renda extra.

Hugo não sabia fazer nada específico, mas começou a ver vídeos na internet e aprendeu a fazer brigadeiros. Começou a ir para as ruas, com muito medo e vergonha, mas ao mesmo tempo com muita vontade para conseguir dar uma volta em sua vida e pagar sua faculdade. As pessoas nas ruas não compravam apenas os doces, que por estar no começo ainda não tinham uma qualidade tão boa, mas elas compravam o sonho de Hugo; admiravam sua determinação. Assim, ele começava a notar que o negócio, principalmente de vendas, funcionava mais quando não se fala necessariamente sobre o seu produto, mas sim sobre o porque está vendendo.

Ele havia investido r$27 reais e com um mês estava faturando de r$2mil a r$3 mil reais por mês. Dessa forma, começou a ganhar um dinheiro maior do que aquele que recebia de carteira assinada, e assim pegava o que recebia e reinvestia no seu pequeno negócio, com compra de material e criação de estoque. Com o tempo, fez o curso de brigadeiro gourmet, buscando se profissionalizar e recebia inúmeros elogios na rua. Nessa época, saía de Campo Grande para vender na região central.

Criação de conteúdo sobre Empreendedorismo e Negócios

Com o aumento das vendas, Hugo pensou que gostaria de passar adiante o que estava aprendendo e então criou uma página no Facebook “Empreenvivendo“, uma mistura de empreender com viver, pois “quando fazemos algo que amamos, não estamos empreendendo, estamos vivendo aquilo, com amor e com paixão”, destacou.
Hugo começou a divulgar seu trabalho na página e ela foi crescendo cada vez mais, “por se tratar de algo real, por não ser como aquelas páginas em que se faz postagens motivacionais sem ter vivido aquilo; eu realmente retratava o que estava acontecendo comigo”.

Em poucos meses a página chegou a 20 mil seguidores e muitos deles pedindo dicas de como empreender. Foi então que começou a fazer desafios na página para testar se seu produto era realmente bom, e para mostrar que as pessoas podiam ser livres e realizar o que acreditavam. O primeiro maior desafio foi ir até São Paulo vendendo seus doces, e assim o fez. Hugo foi de ônibus até lá e os seguidores o chamavam para vender e produzir em suas casas. Com isso, a página cresceu ainda mais.

Começando do zero

Em sua volta para o Rio, a pandemia iniciou no Brasil, e quando chegou, saiu da casa dos pais onde não tinha mais estrutura para viver e trabalhar, e lançou o desafio de começar uma vida do zero. Nessa época não tinha nada, e o que queria era mostrar para as pessoas que era possível. Hugo criou um canal do Youtube, o Saia do Zero, e foi registrando para as pessoas, que correndo atrás do seu sonho, era possível começar uma vida do zero. Aos poucos, mesmo com a pandemia apertando e trazendo mais dificuldades para sua vida, Hugo criou pontos de venda no centro de Campo Grande, com espaços para sentar, uma maior diversidade de doces e funcionários trabalhando com ele.

Nessa época, a depressão começou a bater na porta novamente, e sempre que isso acontecia, ele ia para a praia de Copacabana ficar olhando o mar e levava seus doces para vender. Em um desses momentos de reflexão, ele decidiu colocar a meta de expandir, ir com mais regularidade para a praia, criar uma clientela forte, e com o dinheiro, conseguir alugar um espaço no bairro para morar. Isso estava tão forte em seu coração, que passou a ir constantemente para vender e ficar hospedado em um hostel.

Surgiu então a oportunidade de um pequeno quarto em Copacabana e ele alugou. Isso lhe deu a possibilidade de produzir em seu espaço e crescer cada vez mais sua clientela e vendas. Com isso, entrou no iFood, o que fez seu negócio subir muitos degraus. Em paralelo, ia ensinando pelo seu canal como as pessoas também poderiam fazer o mesmo, oferecendo dicas de marketing, criação de stories, atendimento ao cliente, entre outros.

Hoje, Hugo agradece à todos aqueles que acreditaram e o ajudaram a conquistar seus sonhos, e deixa como recado:

— Seja persistente sempre e não dê ouvidos a ninguém. Escreva seus sonhos em um caderno e olhe para eles todos os dias, para que continue nutrindo a vontade de seguir, pois se ficar olhando para a tv só verá desgraça, ou escutando muito alguém que pense diferente, você irá se desmotivar.
O sucesso é solitário. Muitas pessoas ficarão pelo caminho, pois o sonho é seu e não do outro. Várias delas já estão com seus sonhos mortos dentro de si, ainda que sejam novas, e o governo não oferece incentivo à empreendedores. As pessoas estão sendo substituídas pelas máquinas e o desemprego está aumentando.

Portanto, quem está nas classes mais baixas, precisa se virar e correr atrás de uma profissão que possa servir à sociedade; pois esta ainda é consumidora e está disposta a pagar pelo produto que deseja comprar. Se qualquer pessoa, independente da classe, conseguir entender isso, ela consegue empreender, suprir uma necessidade da sociedade e desde o estágio mais baixo, engrenar um negócio do zero e chegar a outro padrão.

Agora, o sonho de Hugo é ter uma loja física do seu negócio, o Doce Cabana, onde possa produzir fora de casa e se formalizar, além de abrir um instituto para poder ensinar sobre confeitaria, empreendedorismo, finanças, e assim conseguir impactar positivamente sua geração.

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