Jovens que integram projeto da ONU na periferia de Maceió participam de encontro internacional

Jovens integram projeto da ONU e trocam experiências sobre a realidade das periferias onde vivem- Crédito: ONU-Habitat

Jovens de Maceió, que integram o projeto “Visão das Grotas”, do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), trocaram experiências na última quinta-feira (29), durante o Circuito Urbano 2020 ONU.

Intitulado “Conexão Maceió, Rio de Janeiro e África lusófona para um futuro urbano melhor”, a iniciativa internacional buscou promover ideias, oportunidades e conteúdos de comunicação por e para moradores de comunidades periféricas para compartilhar as percepções sobre os impactos urbanos e socioeconômicos ocasionados pela pandemia da Covid-19.

Maceió foi representada por Mary Alves, de 25 anos, da Grota do Ary, Josias Brito, 22, da Grota do Rafael, Ewelyn Lourenço, 47, da Grota Santa Helena e Tauan Santos, 18, da Grota José Laranjeiras. O grupo interagiu com participantes das cidades onde o ONU-Habitat atua, como Rio de Janeiro; Luanda, capital da Angola, e Maputo, capital de Moçambique.

A mobilizadora social Elis Lopes, que acompanha a equipe alagoana desde o início do projeto “Visão das Grotas” foi a moderadora do intercâmbio. “As cidades e países podem até ser diferentes, mas as dificuldades encontradas neste período foram e são as mesmas. No encontro, percebemos que temos muitas coisas em comum quanto à ausência de políticas públicas direcionadas às comunidades, favelas e grotas. Além disso, destacamos também a quantidade de ideias que temos para promove mudanças. Existe a potência, só falta o investimento para superar essas questões ainda mais evidenciadas pela Covid-19”, diz.

Nascido e criado na Penha, bairro do Rio de Janeiro, o ativista cultural Thiago de Paula falou durante a transmissão pelas redes sociais da sua experiência na capital fluminense. “A quarentena foi muito difícil de ser entendida por muita gente porque faltou também um direcionamento maior sobre os aspectos que envolvem o psicológico. Ainda há um outo lado. A juventude das favelas e comunidades está ocupando as ruas e os espaços urbanos sempre para criar. Então, para mim um dos maiores impactos foi não ter a liberdade de circular nas ruas. Nos sentimos de alguma forma presos. Muita gente não soube lidar com isso”, relembra.

O ativista ambiental Gilberto Quissanga, de Luanda, comentou que a violência policial na região que vive aumentou durante os primeiros meses de quarentena. Fato parecido com a realidade de Alagoas, onde a OAB registrou na pandemia um aumento de 71% nas denúncias desse tipo de crime em relação ao mesmo período do ano passado.

“Nas nossas comunidades da periferia o que vimos foi a população apreensiva porque era tudo muito novo. Com o passar dos dias, algumas medidas pelo governo local foram tomadas. O policiamento foi reforçado para o cumprimento das orientações, mas infelizmente houve o aumento da violência policial. Além disso, o desemprego está sendo um fator que está marcando este momento de maneira negativa”, ressalta o ativista.

Sobre o ONU-Habitat

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) estabeleceu-se em 1978, como resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat I). Com sede em Nairóbi, capital do Quênia, é a agência ONU que atua em prol do desenvolvimento urbano social, econômico e ambientalmente sustentável e promove a moradia adequada para todas e todos.

O ONU-Habitat está presente no Brasil há mais de 20 anos, atuando em projetos relacionados a diversos temas urbanos em cidades de todo o país. Atualmente, possui escritórios nas cidades do Rio de Janeiro e Maceió, e inaugurará um escritório no município de Maricá.