Hanry Silva Gomes de Siqueira, estudante, 16 anos: mais uma vítima da política de extermínio do Estado do Rio de Janeiro

No dia 21 de novembro de 2002, Márcia de Oliveira Silva Jacintho falou pela última vez com seu filho, Hanry Silva Gomes de Siqueira. Hanry tinha 16 anos, cursava o 1° ano do ensino médio sem nunca ter repetido uma série e morava com sua família no Morro do Gambá – Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio.

Apesar da dor e do desespero de perder um filho assassinado pelos agentes que deveriam proteger a população, Márcia Jacintho começou a luta para descobrir a autoria do crime e conseguiu através de suas buscas numa grande investigação, levar em frente o inquérito policial sobre o caso. Os policiais foram pronunciados pelo Ministério Público, em grande parte graças aos esforços individuais desta mãe que se transformou em militante, investigadora e advogada prática a partir do brutal assassinato do filho. Apesar do medo gerado por ameaças constantes feitas por policiais a moradores de favelas e comunidades de periferia, diferentes testemunhas do crime depuseram oficialmente, disponibilizando assim informações fundamentais para que dois dos policiais envolvidos fossem indiciados e condenados.

No próximo dia 20 de março, após várias tentativas de recursos dos dois policiais envolvidos, voltará ao banco dos réus o policial Paulo Roberto Paschuini, acusado da morte de Hanry. Ele e Marcos Alves da Silva, o outro PM envolvido, haviam sido condenados, mas Paulo o fora apenas por roubo (em outra situação) e fraude processual e não por ter matado o jovem, ficando em liberdade. Paulo recorreu em segunda instância, o que adiou seu julgamento por homicídio. Recentemente, entretanto, ele perdeu o recurso e vai ter que ir a júri.