Desde o mês de março estou acompanhando o movimento dos Bombeiros, pelo Mandato da Deputada Estadual Enfermeira Rejane que, já em 27 de abril, havia mandado ao Governador uma carta apoiando as reivindicações dos bombeiros por considerá-las justas e legítimas. È impossível não deixar de reconhecer que os vencimentos da categoria são, reconhecidamente, aviltantes e devem ser reajustados imediatamente.
Não há dúvida que o antigo comandante dos Bombeiros, certamente autorizado pelo Governador, com sua intransigência e atitude de obstrução do diálogo, levou parte da corporação a perder o respeito a seu comando maior.
Foi por isso que, ao fim de três meses, depois de sofrerem processos de transferência, ordens de prisões e todo tipo de perseguições; a arrogância do Governo que insistiu em não “ouvir a tropa” acabou por isolar Sérgio Cabral da população.
Para o povo fluminense, os bombeiros, estejam eles e elas nos posto do Salvamar, nas UPAS, nos SAMU, rabecões ou unidades de combate aos incêndios ou catástrofes; são os heróis que, diariamente, salvam VIDA e se arriscam a morrer pelo seu semelhante.
A intransigência do ex-comandante, preposto do Governador, acabou por levar parte da corporação a tomar medidas extremas e, em algum nível, incontroláveis. Mas isso, no meu entender, não deveria ter gerado uma reação radical do Governo, abalando o Estado democrático de direito, uma vez que as prisões realizadas foram feitas em desrespeito ao ordenamento do processo jurídico.
Considero isso um erro grave do Governo, porque do Governador e seus quadros de confiança se espera maior sabedoria e serenidade. Tudo isso só contribuiu para acirrar os ânimos. Mas, a população logo tomou posição. E, através das conversas, das fitinhas vermelhas, das mensagens da rede social se perfilou ao lado dos Bombeiros e de suas justas pretensões salariais e de ANISTIA dos bombeiros presos. Essa unidade POVO & BOMBEIROS abafou de vez a tese de que os bombeiros sejam “vândalos irresponsáveis”. E, o que é pior, pouco a pouco, o Governador foi desmoralizando não só a si mesmo, como a quadros importantes de seu secretariado, como foi o caso do Secretário da Casa Civil Regis Fichtner que afirmou que não haveria negociação e, logo depois, viu a ALERJ, numa rara unidade entre todos os deputados, abrir conversações. Ontem, em artigo no Globo, foi a vez do Secretário de Planejamento e Gestão defender que já haviam dado o aumento necessário. Logo à noitinha, outro desmentido! O governador Cabral, frente a força do movimento dos Bombeiros e o total apoio do povo, precisou ceder e avançar no atendimento de parte das reivindicações. Para os Bombeiros a recriação da Secretaria de Estado da Defesa Civil é uma conquista política e de valorização muito importante e, embora insuficiente, a proposta de antecipação do aumento em 5,8% já é um avanço, uma vez que representa que, agora, as partes poderão negociar, de fato, sem autoritarismo e buscando um consenso. Nessa sexta feira, a alegria principal: os 438 bombeiros e a tenente Lucrécia da Fonseca, única mulher presa, enfermeira da UPA de Campo Grande conseguiram Habeas Corpus e foram, finalmente, libertados!
Penso que, para população, que, tenho certeza, vai continuar do lado dos Bombeiros até a vitória, é preciso que as partes desarmem os espíritos e busquem uma saída definitiva para o impasse.