O Coletivo Enegrecer realizou o 4° encontro estadual da Juventude Negra de Tocantins, nos dias 7 e 8, na Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas, com a presença de aproximadamente 100 jovens, representantes de movimentos sociais de diversos locais do estado.
O objetivo foi promover formação política, debates e reflexões sobre questões relacionadas à juventude negra, além de fortalecer a identidade e o protagonismo desses jovens.
A programação do evento teve palestras, mesas-redondas, oficinas e atividades culturais, abordando temas como racismo estrutural, desigualdades sociais, saúde mental e políticas públicas para a juventude.
Durante o recente encontro também foram abordados temas como: mudanças climáticas, cujos impactos reverberam de maneira premente em nossas vidas.
Além das discussões acerca de temas vitais, foram exploradas questões relacionadas ao afeto, amor, educação e saúde, com especial enfoque em nossas realidades.
Conforme salientado no decorrer do evento, esses tópicos abrangem desde manifestações de carinho e afeto até considerações sobre crenças, ou a ausência delas, como pontuado por Baco.
A jornada de resistência prossegue, sendo a voz uma das principais ferramenta, ecoando por todos os recantos em prol da justiça, paz e vida, alinhada à tradição dos nossos antepassados.
Entre as presenças, esteve o poeta @poeta_lazarosilva, que integrou a roda de discussão sobre masculinidades negras, que lançou recentemente um livro.
Participaram: Enegrecer Tocantins
Como resultado do encontro, uma carta foi endereçada ao governador Wanderlei Barbosa, solicitando ações afirmativas e de combate ao racismo.
O Coletivo Enegrecer que neste IV Encontro Estadual, reúne 80 jovens negros e negras de sete municípios, vem à sociedade e ao governador Wanderlei Barbosa, exigir compromissos institucionais efetivos para promoção da igualdade racial e combate ao racismo, diante de um cenário de crescimento da violência contra a população negra do nosso estado.
O crescente número de assassinatos contra jovens negros no Tocantins, a maioria sem respostas e responsabilizações, é algo que precisa ser enfrentado com políticas públicas de redução da vulnerabilidade social e de enfrentamento do racismo institucional. A morte de jovens negros não pode ser banalizada e naturalizada, o poder público precisa assumir a defesa intransigente do respeito às vidas negras.
O conflito agrário, as ameaças aos territórios, a violência física e a insegurança alimentar não podem continuar sendo a realidade de vida enfrentada pelas comunidades quilombolas no Tocantins. O governo tem o dever e a responsabilidade de garantir segurança e promover a regularização dos territórios dos nossos povos tradicionais.
A criação da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais representou um avanço para o nosso Estado, mas outras estruturas institucionais capazes de articular direta e transversalmente políticas públicas para a população negra precisam ser construídas com prioridade.
A eleição do primeiro tocantinense governador do Tocantins, homem negro de um estado com uma população 74% negra, precisa se consubstanciar na eminente implantação de políticas de cotas raciais nos concursos públicos estaduais.
O Coletivo Enegrecer é um movimento social de jovens negros com 14 anos de atuação nacional, que acredita e luta por uma nova realidade. Nos reunimos no anseio de transformar a sociedade, o que se constrói somente através do enfrentamento das injustiças raciais e sociais e pela promoção da igualdade, condição imprescindível para um futuro mais justo e inclusivo para a juventude negra.
“Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”
Angela Davis.