Créditos: Charlie Gomes

Mais do que um encontro de leitor e livros

O festival do leitor é o maior evento literário do país e conta com o circuito ler para va-ler que está em sua 4ª edição no Pier Mauá, Centro da Cidade. Promovendo troca de ideias e expressões, promovendo a leitura e abrindo espaço para uma imaginação que torna criação e gera diálogo.

Diversos espaços de aprendizado, palco de palestra e espaço para apresentação de artistas independente, um labirinto de livro e ao entrar na atividade o leitor encontra os contos de fábula e o folclore brasileiro. Além de um salão de livros para venda, alunos que estiverem matriculados em escolas ganharam vale presente, contribuindo ao acesso à leitura.  

Mais do que um encontro de leitor e livro, é a oportunidade ideal para conhecer novos autores e protagonistas de suas próprias histórias, desde negritude até esse território de favela. Promovendo uma troca de leitores, editoras, livrarias.

Quarto dia da L.E.R segue incrível

Estimulando criatividade e dando oportunidade de falar, contar e expor sua arte. Sem deixar fora toda tecnologia e a música, enquanto aprende, conhece o que existe de mais novo no mercado. Leitores do morro é com imensa alegria que lhe convido embarca comigo nesse 4º dia de evento que por incrível que pareça, acontece no quarto dia da semana, quinta-feira (12/05). 

Inclusão para todo lado, desde intérprete até ao boneco da mesa. Foto: Charlie Gomes/ANF

Literatura e Acessecibilidade

Palestra ler em movimento no armazém 4, espaço dentro do evento, com o tema literatura e acessibilidade. Tendo duas palestrantes, Carina Alves e Eliza Moreno. Carina é fundadora e diretora presidente do Instituto Incluir, onde abordam o mundo das diferenças. Trazendo a literatura acessível, levando educação na escola e a importância de falar sobre deficiências, sendo essa física ou comunicacional. Mostrando a resiliência e a empatia para vencer uma questão que nasceu ou recebeu devido uma circunstância da vida.  

Mostrando que é preciso ter acessibilidade ao alcance de todos, dentro (mente) e fora (espaço, acessível, como uma rampa). Disponibilizam ainda um material didático, livro de leitura, inspirando no folclore brasileiro que muita garotada ainda não conhece, para explicar do assunto e alunos aprenderem. Tendo na folha do livro, escrita braille para pessoas com baixa visão, pictograma, ideias que são transmitidas através de desenho e língua brasileira de sinais (LIBRAS). 

O palco onde tudo fala, inclusive esse fundo azul de letras. Foto: Charlie Gomes/ANF

O que é Afrofuturismo

No espaço palco da palavra, palestra Afrofuturismo: Gênero ou movimento? Na fala, Morena Mariah, Sandra Meneses e Elisio Lopes. Antes de tudo iniciar, o que é Afrofuturismo, é a valorização da ancestralidade que lembra do passado de uma história, fala do movimento estético e cultural que combina ficção científica, apontando para um novo futuro que não é possível fazer sem o povo negro.

Morena, criadora do podcast Fale Afrofuturo e educadora do Gato Mídia, agência de ensino e aprendizado em mídia, tecnologia para jovens negros e moradores de favelas do Brasil. traz um exemplo de experiência na sua fala, o filme: Pantera Negra que foi exibido no Morro do Alemão e gerou uma discussão entre as crianças.  

Ser protagonista

Mostrando a importância do movimento para os jovens e dialogando diretamente com eles, pois desejam esse lugar de ser o protagonista e não mais submisso ou secundário, permanecer em segundo plano, pois gritam pensamento, cultura e a forma de ser. 

Sandra é jornalista e autora do livro: O céu entre mundos, falou de haver poucos autores negros que dialoguem com o Afrofuturismo e que seu livro aborda um romance nesse universo.

Elisio Lopes, roteirista do filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos, se ver como um Afrofuturista e fala da sua inspiração para criação dessas obras. Ao criar algo pensa na referência da representação, alguém conhecido ver tal obra e lembrar, para que haja uma diversidade, olhares e a oportunidade de construção narrativa. 

MC Lipinho se apresenta no palco da favela. Foto: Charlie Gomes/ANF

Para fechar essa noite com muita informação e aprendizado, te levo ao espaço imaginário carioca, o palco de batalha do passinho e onde o “eu” artista se expressa e apresenta. Ter um ambiente desse num evento de leitura, é fundamental, pois além de dialogar diretamente com essa vasta favela de embrulho social, chama o estudante para sua criatividade e transformação territorial, despertando interesse. Não é do conhecimento de todos mas acredite, o funk é criminalizado, quem canta esse estilo musical é tratado como marginal. Na voz o cantor fala da sua vivência cotidiana e o que vive na favela e no passinho é a expressão corporal que reflete de dentro para fora. 

 Desde manhã é notório uma vasta multidão de alunos que ficam concentrado nesse ambiente, contemplando tal arte e como esse objeto de reflexão fala tanto aos jovens. Promovendo renda no ambiente familiar e conscientização do seu valor como pessoa, saindo inclusive do mundo do crime. O idealizador do espaço, Thiago de Paula, permite que jovens oriundos de favela mostre o talento no palco desde que não haja bandeira de facção e palavrão, mostrando que o favelado pode cantar em lugares nobres e que ao cantar não seja criminalizado e sim, compreendido. Um exemplo que ocorreu pelo evento é que na hora da oportunidade, entre alguns jovens, saiu um estudante e pediu para cantar. Até que foi vaiado pelos demais, Thiago conscientizou a juventude e falou que essa mesma represália, é o que alguns policiais fazem.