Assim que vi a ilustração da Ana Paula Azevedo (@anna.ilustra), sobre o lançamento do livro “BFF Futebol Clube”, onde é contada a história de Maria, que gosta de jogar futebol e faz parte de um time junto com suas amigas, lembrei imediatamente da Larissa Silva (@lari.gol11), menina de 10 anos, moradora do Vasco da Gama, periferia do Recife, que herdou de seu avô o amor pelo futebol.
Para Larissa apenas assistir ao jogos não era suficiente, ela precisava se sentir protagonista daquela paixão, e o ponta pé inicial a menina conseguiu, quando seus pais permitiram que ela jogasse bola com os meninos no campinho do bairro, e através dessa oportunidade conseguiu se tornar atleta do Agrestina Futebol Clube, uma escola de futebol Society do Recife.
Cansada de sofrer bullying, principalmente por parte dos meninos que se incomodavam com seu talento em campo, e não admitiam perder no futebol para uma menina, Larissa fez um desabafo nas redes sociais, através de um vídeo, expondo seu desconforto com a situação, exigindo seu espaço e reivindicando respeito.
“Vou falar um negócio sério pra vocês, vou falar o que está acontecendo comigo. De o povo dizer que eu sou homem, que pareço com homem, que tenho o dente quebrado. Estou com aparelho e vou ajeitar. Não é ninguém que paga meu dentista, nem meus treinos pra eu treinar. Não gosto de shorts curto, não gosto de dançar, como as meninas gostam, e nem por isso quer dizer que eu sou homem. Eu sou mulher”, trecho do desabafo de Larissa Silva. Confira a seguir o vídeo na íntegra.
O vídeo viralizou e a atleta ganhou o carinho e reconhecimento de diversas personalidades, artistas e anônimos se renderam ao carisma e à força de Larissa. Desde muito cedo nos deparamos com situações onde o machismo nos impede de sermos quem somos e fazermos o que gostamos, situações em que o machismo tenta nos moldar, nos podar, limitar nossas possibilidades, delimitando espaços (pré) destinados à nós mulheres, nos impondo padrões, de comportamento, estéticos, capacitismo.
Cor de menina; brinquedo de menina; jeito, atitude de menina; são inúmeras as barreiras impostas pelo machismo alimentado por uma construção social extremamente patriarcal. No entanto movimentos por direitos das mulheres, lutam incansavelmente para que mais meninas como Larissa tenham consciência de sua potência e possam ser voz ativa na construção de uma nova sociedade.