Ontem, 13 de maio, a Lei Áurea completou 130 anos. Uma data que já foi considerada um marco pela população negra brasileira, mas que hoje em dia poucos comemoram. Afinal, passado esse tempo todo, poucas coisas melhoraram na vida de milhões e milhões de negras e negros brasileiros.
Eu tenho uma posição mais crítica ainda sobre e tal “libertação do negro do cativeiro”. Qualquer pessoa que pesquisar um pouco verá que a assinatura da Lei, entre outras coisas, foi devido à grande pressão internacional que o Brasil vivia. Fomos o último país do Ocidente a “abolir” a escravidão. E quando isso ocorreu, fomos abandonados e jogados à própria sorte. Não nos foram oferecidas, aos ex-escravizados, as menores condições de integração à sociedade. Como diz muito bem o samba enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, “livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela”.
Foi exatamente isso que aconteceu. Os negros foram libertos sem nenhuma reparação ou indenização, obrigando-nos, assim, a viver em condições sub-humanas. Nos foram negados acesso à educação e qualificação profissional, mantendo, assim, as enormes diferenças e desigualdades sociais que até hoje acarretam consequências terríveis e trágicas para toda comunidade negra brasileira.
Até hoje somos o que ganham menos profissionalmente, os que menos tem acesso à escolaridade, os que moram em piores condições, os que ficam menos tempo na escola, os que mais preenchem cargos de serviço do terceiro setor, os que mais vivem nas ruas, os que mais são presos, os que mais morrem e os que mais matam, também. Agora, imaginem o que passa a mulher negra que está na base da pirâmide social?
Por isso, digo e repito: 13 de Maio não é dia de negro!