Literatura, traduzindo do latim, significa “letras”. Um dos significados que se encontra no Dicionário Michaelis também é “qualquer dos usos estéticos da linguagem, mesmo quando não escrita”.
O título “afrobrasileiro” é uma forma de se reivindicar as raízes africanas por aqui, partindo do princípio que a maior parte da população é preta e nossos antepassados foram trazidos de diversas partes do continente africano. O Brasil é uma colcha de retalhos do mundo e, de longe, uma das maiores diásporas (dispersão de povos por motivos políticos ou religiosos) não só em quantidade, mas de peso e relevância na construção do país a partir de pretas e pretos.
Carolina Maria de Jesus, Machado de Assis, Joel Rufino dos Santos, Maria Firmina dos Reis e Nelson Maca são alguns dos escritores que podemos colocar como literatura afro brasileira por serem pretos e se colocarem em um espaço onde há uma hegemonia nítida branca / europeia. No funk, maior movimento de massa da juventude periférica brasileira, o prefixo “afro” é chover no molhado pelo simples fato de ele já trazer consigo o protagonismo negro e as raízes africanas, principalmente na questão do corpo. Ao mesmo tempo, podemos ter a letra de um MC do gênero como literatura afrobrasileira também – por que não?
Aqui está uma questão que traz diversas hesitações em nosso país, como disse Paul Gillroy no prefácio brasileiro de seu livro O Atlântico Negro. O fato é que vivemos em uma desigualdade social, econômica e racial absurdamente violenta.
Ser preto, afro ou “não afro” é lutar para se manter vivo diariamente.