Liberdade para se posicionar politicamente

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Brasil, mês de outubro do ano de 2018, segundo turno das eleições chegando e no domingo 28, saberemos finalmente quem irá comandar  a Nação por quatro anos. As pesquisas apontam para um candidato bastante conservador, patriota e extremista, que seus eleitores o denominaram de “mito”. O mesmo foi ganhando força nas redes sociais, por suas declarações polêmicas e com promessas de resgatar a família tradicional e trazer de volta valores, que segundo ele, o povo brasileiro perdeu ao longo dos anos. E sendo assim, uma boa parte dos eleitores que dizem muito descrentes e descontentes com a maioria dos políticos desse país, disseram nas urnas quem eles querem para os governar a partir de 1º de janeiro de 2019.

O povo brasileiro, sempre gostou de protestar nas urnas, e mesmo com alguns atenuantes, dessa vez não está sendo diferente, advindo de eleições passadas, desde o voto em cédulas de papel, em que muitos votavam em animais famosos do zoológico, em celebridades que não estavam concorrendo e último protesto significativo, já com a urna eletrônica, foi no Estado de São Paulo, em que maioria da população votou massivamente em um palhaço para representá-la no Congresso Nacional. Foi uma verdadeira surpresa para todos, ao ver um candidato, que declarava em sua campanha que não entendia nada de política e que não sabia nem o que iria fazer lá no Congresso, fazendo piadas com tudo e todos em seus programas no horário eleitoral.

Sua campanha não era levada a sério por ninguém e o povo paulista querendo debochar da cara dos políticos tradicionais e protestar ao mesmo tempo, elegeu o tal palhaço para deputado federal com mais de 1000.000 de votos, sendo ele o recordista em votação em todo Brasil naquelas eleições. O que seria absurdo e improvável aconteceu com algumas explicações para tal fenômeno, como, voto de protesto, insatisfação do povo, descrença nos políticos. Debates e discussões nos programas de rádio e tv para justificar e analisar os rumos que o país estava tomando na política.

Mas, mesmo que seja um voto de protesto pela maioria da população nessas eleições, o que mais impressiona é a onda de patriotismo, conservadorismo e extremismo que tomou conta do país, e com muitos vendo o candidato líder nas pesquisas como o salvador da pátria, aquele que vai transformar o Brasil em um paraíso e integrá-lo no 1º mundo. E com discursos que incitam o ódio e a violência, declarações racistas e preconceituosas, desrespeito às minorias, ele conquistou a maioria dos votos, podendo ser eleito Presidente e trazer de volta consigo algo que muitos brasileiros gostaria de apagar de suas memórias. Para muitos, o candidato extremista, denominado, mito, trás o risco da perda da liberdade de expressão, de direitos e de tudo o que foi conquistado com muita luta e muitas lágrimas. Com ele, segundo até mesmo alguns especialistas em política, se tem o risco do fim da Democracia e da volta da Ditadura, pois em suas declarações a defende, diz abertamente que é a favor da tortura e tem como ídolo um militar que torturou pessoas e às  matou, estuprou várias mulheres nesse período tão sombrio de nossa história.

Que o povo brasileiro, mesmo passando por certas experiências desagradáveis, se apega a salvadores da pátria,  é do conhecimento de todos, mas querer dessa vez como seu salvador um possível ditador, é no mínimo estranho e curioso. E por que será que as pessoas querem desistir de tudo que foi conquistado com o fim da ditadura? O que está por trás dessa onda de patriotismo, mesmo pondo em risco a democracia? Uma das possíveis respostas para tais perguntas, é que há por trás disso tudo algumas pessoas bem poderosas, com muito interesse que se eleja um Presidente conservador e moralista, e para isso, não criaram só um salvador da pátria, mas também um mito. Que estão se aproveitando da enorme falta de conhecimento e informação da maioria da população e da religiosidade cristã que predomina, desde quando foi imposta na época da colonização.

Com essa onda de patriotismo, conservadorismo e extremismo, o Brasil ficou dividido, brigas, discussões acaloradas, em casa, nas ruas e nas redes sociais, passou a ser uma coisa rotineira. De um lado há aqueles que querem impor suas ideias, pensamentos e religião e do outro, aqueles que defendem que todo cidadão é livre para fazer suas escolhas, sejam elas quais for, que o Estado tenha um limite para interferir na vida das pessoas. Uma divisão que destruiu diversos relacionamentos e os números da violência que já eram altíssimos, ficaram ainda maiores, causando uma sensação de total insegurança e incerteza na população.

Mesmo com os números das pesquisas mostrando que o patriotismo exacerbado poderá vencer nas urnas a democracia, o futuro do Brasil está incerto até o domingo, quando saberemos o que será de nós. Mas, que até lá, as fortes discussões sejam substituídas por diálogos tranquilos, que as desavenças encerrem, e sobre tudo, que o povo analise bem as proposta de cada candidato e vá votar com consciência, sabendo que, seja lá qual for a sua escolha, ela irá durar por quatro anos e só poderá mudar no ano de 2022, quando serão as próximas eleições para Presidente. Não depositando suas  esperanças em salvadores da pátria ou mitos.

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.