A Associação dos Surdos de Sobral vivencia cidadania e inclusão

A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que regulamenta e oficializa a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS completa dezessete anos. Nessa Lei, a Libras é definida como: “a forma de comunicação e expressão em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora com estrutura gramatical própria, constitui uma linguagem de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”.

O Art. 2º afirma que “deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais – Libras – como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil”.

Orientados por esses paradigmas legais, surgiu em Sobral/CE, a Associação dos Surdos de Sobral – ASSOL, entidade civil, filantrópica, cultural, desportiva e recreativa que reúne uma diversidade de pessoas na sua composição. De acordo com o Estatuto da ASSOL, o objetivo da associação “é lutar pela valorização da linguagem em Libras, mostrando a importância da inclusão do surdo”.

Crédito: Associação dos Surdos de Sobral-Ce

Falar de inclusão na sociedade brasileira é algo que constrange, absolutamente, quem é portador de alguma limitação. Geralmente, os espaços, as instituições, as ocasiões, quase tudo é pensado sem levar em consideração as necessidades dos outros, e isso se configura como a negação de suas cidadanias, afinal, os portadores de necessidade especiais também são pessoas que atuam no mesmo contexto social que os demais.

Negar que participem das vivências sociais cotidianas, é negar suas existências.

Com o intuito de romper com essas barreiras, é que os membros da Assol realizam atividades de interação, formação e reivindicação de suas existências enquanto cidadãos que têm as mesmas condições de agir no meio social.

Dentro desse conjunto, eles exercem suas formas de ação com a sociedade através de atividades que os unem também com a comunidade ouvinte. Vale ressaltar que tudo o que eles vivenciam é aberto ao público ouvinte.

Os esportes são frequentes entre os membros da Associação.

Aconteceu em maio deste ano, o II Torneio de Futsal dos Surdos, que incluiu surdos vindos de outras cidades do estado.

Eles também iniciaram em 2019, o Bate Papo em LIBRAS. A primeira vez que se reuniram para essa interação foi em janeiro, no Boulevard do Arco do Triunfo, um espaço central da cidade, com intenso fluxo de pessoas. A partir de então, passaram a se encontrar todas as quintas-feiras, às 19h,nesse mesmo espaço, para compartilhar suas vivências com outras pessoas, sejam surdas ou ouvintes.

O professor intérprete de LIBRAS da rede municipal e membro da Assol, Cladimir Oliveira, comparece ao momento como uma espécie de “ponte” importantíssima, visto que ele fortalece a interação entre os participantes devido sua tradução em LIBRAS para o público presente. Pedagogo e especialista em LIBRAS, Oliveira tem uma intensa contribuição na Associação, assim como os demais, perpassando também seus conhecimentos em salas de aula tanto da rede municipal, como na contribuição dentro da universidade, onde já lecionou.

O Bate Papo tem sido uma excelente oportunidade para aproximar surdos e ouvintes, pois, surgem novas amizades e a possibilidade de interação inclusiva, solidária e compartilhada.A Associação já participou do Encontro da Educação Inclusiva de Sobral, sendo homenageada pela Secretaria de Educação de Sobral com certificado de honra ao mérito por contribuir para o fortalecimento da educação inclusiva em Sobral.

Participou também da Exposição das Entidades que trabalham com Inclusão na cidade de Sobral, devido a “X Semana da Pessoa com Deficiência”.  Políticas de Inclusão das Pessoas com Deficiência: Um direito de todos, promovido pela Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD).

Ainda de acordo com o Estatuto “O importante é promover esse encontro, quebrar a “barreira” entre surdos e ouvintes. Mostrar a importância da Libras dentro da sociedade, e esclarecer o quanto o surdo é capaz”.

Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, edição de outubro 2019