Há tempos, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto- MTST, estão denunciando agressões e ameaças por pistoleiros, capangas e homens encapuzados que cotidianamente rondam o entorno do acampamento Recanto do Picuaia, próximo a Lagoa do Picuaia, no Bairro do Caji, em Lauro de Freitas – Bahia.
Não se descarta a possível participação de parlamentares na trama. Diversos boletins de ocorrência foram registrados na 27ª DP de Itinga, um deles inclusive, prestado pela vítima recente de mais um atentado. A liderança, não corre risco de morte, mas vai ter que se mudar para outro Estado.
A liderança (que não será identificada por questão de segurança) do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST da Bahia, sofreu um atentado na cidade de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.
O fato aconteceu no último dia 10, um dia após, a justiça suspender uma ordem de reintegração de posse, contra 350 famílias que ocupam um terreno no bairro do Caji, na mesma cidade. A ocupação fica localizada na comunidade conhecida como Recanto do Picuaia.
Outras lideranças do Movimento acreditam que o atentado pode ter sido encomendado pelos empresários que reivindicam a posse do terreno.
Ainda na manhã do dia 10, as lideranças registram a presença de um homem branco a bordo de um veículo Discovery, fazendo fotos na ocupação. Visivelmente irritado, o homem chegou a discutir com moradores do local, tudo registrado em vídeo pelos moradores.
A Secretaria de Justiça do Estado da Bahia, que no mês de abril, recebeu denúncias de assédio moral, ameaças e agressões contra moradores da referida comunidade, vai pedir que a polícia investigue o autor do atentado e seus possiveis mandantes.
‘Estamos vivendo sob a ótica do medo, aqui nessa cidade manda quem tem dinheiro e quem é pobre tem que obedecer se quiser continuar vivo’ Desabafou uma moradora.
Sobre o Recanto do Picuaia
Comunidade que surgiu a partir da ocupação de um terreno, com cerca de 50 mil metros quadrados, localizado próximo a Lagoa do Picuaia e que há mais de trinta anos encontrava-se em estado de abandono.
O terreno sem nenhuma função social, servia para descarte de lixo, entulho, local de desova, estupro, roubo e assassinatos.
Um grupo de famílias que, por causa da pandemia foram despejadas dos imóveis que moravam, porque não conseguiam mais pagar o aluguel, decidiram então ocupar o terreno e construir seus barracos para morar.
Logo em seguida, apareceram vários donos. Empresários que moram na Barra e na Pituba, que não se importam com a cidade e só querem lucrar, independente que as pessoas corram risco de vida.
O estatuto da cidade versa sobre a criação de uma legislação que defina uma justa e eficaz destinação do bem, tornando-o produtivo e útil, seja em área urbana ou rural. Em Lauro de Freitas, tem muito terrenos abandonado enquanto a cidade carece de espaços para moradia, esporte e lazer.
Um movimento em constante movimento porque acompanhamos as mudanças na sociedade e adequamos nossas táticas de luta a elas. Nesses 25 anos muita coisa aconteceu, foram vários enfrentamentos em conjunturas tão diversas quanto nosso Brasil, mas não houve um único dia sem luta.
Desde 1997 já foram 77 ocupações pelo Brasil. Atualmente, o movimento está presente em 14 estados (Roraima, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Para e Acre) + Distrito Federal. Com mais de 1.200 militantes espalhados por todo o Brasil, escoando vozes que gritam por teto, trabalho e pão em todos os cantos do país.