“Curso gratuito para liderança social”.
Essa era a chamada da ONG Recode, em parceria com o programa internacional “Active Citizens”, do British Council. A ideia era reunir, aqui no Rio de Janeiro, pessoas para compartilhar ideias e desenvolver habilidades para, então, se aprimorarem como agentes de mudanças em suas “comunidades”.
Participei de três dias com total de 32 h de aprimoramento e diálogo com lideranças de vários territórios do Rio de Janeiro. Mas uma coisa, entre tantas, me chamou a atenção e foi exatamente quando se levantou a questão do que seria a “comunidade” que a chamada fazia referência.
Diferente do que reproduzimos aqui, o curso não era uma restrição à favelas ou periferias, já que como uma palavra comum em outros países, o termo comunidade de acordo com o wikpedia, por exemplo , é considerado uma unidade social que compartilha algo em comum, como normas, valores, identidade e lugar em que estão situadas em uma determinada área geográfica ou não, podendo estar localizada em aldeias, bairros, cidades ou espalhadas pelo globo.
Com o desenrolar da questão, através de várias óticas, percebemos o quanto vários de nós, abordamos ou reproduzimos temas e termos que sequer fazemos ideia de sua origem e/ou necessidades reais, dialogando uma visão importante de transformação social. Porém, sem bases sólidas ou com mais estrutura para que nossas ações tenham um resultado, em longo prazo, de elevação coletiva nos meios que transitamos e pretendemos transformar positivamente.
Você sabe, por exemplo a origem do termo favela? E de periferia? Termos que cotidianamente estão em nosso vocabulário, mas talvez não tenhamos explorado com mais afinco. E isso nada tem a ver com uma hierarquia educacional ou até uma forma de sobressair com um vocabulário mais robusto.
Entender nossas raízes, nossa identidade e, então, realizar algo bem mais consciente, nos leva a perceber as falhas em nossos diálogos e nos permite ir mais fundo nas estratégias de auxiliar outros indivíduos a serem agentes de mudança coletiva.
Imagine vivenciarmos um momento com indivíduos favelados e periféricos, negros e mulheres com autonomia econômica, onde o empreendedorismo alicerçado pode ser uma ponte para novas articulações em busca do fim da pobreza.
Parece utópico. Afinal, falar do fim da desigualdade social, embora seja o motivo da nossa luta, ainda é um resultado tão distante, que nos transmite uma atmosfera fantasiosa. Não é?!
Seja pela igualdade de gênero, étnica e racial, a valorização da cultura, história, identidade e meio ambiente sustentável das nossas comunidades de minorias, economicamente falando, é preciso ir mais fundo e buscar todas as formas de juntos destruirmos o sistema. Como venho ressaltando constantemente, um sistema que nos tem matado em doses homeopáticas e gerando efeitos colaterais que só serão combatidos coletivamente.
“.. o momento é de caos | Porque a população na brincadeira sinistra de polícia e ladrão | Não sabe ao certo quem é quem | é herói ou vilão | Não sabe ao certo quem vai | Quem vem na contramão”
E se a gente tem por que lutar, que possamos fortalecer em uma das coisas mais importantes:
“A favela, nunca foi reduto de marginal | Ela só tem gente humilde Marginalizada e essa verdade não sai no jornal”
Quem vai ressignificar a nossa história, se não nós?!