Aconteceu na sexta, 25, às 18 horas, um encontro de trinta lideranças, na Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro, para discutir a violência nas favelas do Rio de Janeiro. Estiveram presentes vários líderes de favelas pacificadas, que relataram a situação de cada uma delas. Uma das reclamações das lideranças foi sobre a UPP social, projeto que, segundo as lideranças, não caminha em conjunto com as associações de moradores. A presidente do morro da Fé disse que “o pessoal da UPP social foi na associação dizendo que ia montar um circo para a comunidade, sem consultar, sem falar que projeto era esse”. O presidente do morro do Turano revelou que os jovens continuam entrando para o crime, se denominando “bandidos de UPP”. Muitos relatos de violência foram feitos. Ao final, ficou determinado que os encaminhamentos serão passados para todos os presentes. Um dos encaminhamentos é que a Federação, em parceria com a Agência de Notícias das Favelas, convidaria os candidatos ao governo do estado para expor suas propostas para as favelas.
Movimento Favelania
Durante o encontro, o diretor da Agência de Notícias das Favelas, André Fernandes, falou da importância da união das favelas e também leu o manifesto do Movimento Favelania, que foi publicado no livro que acaba de lançar: “Perseguindo um sonho”. Após a leitura, Rossino Diniz, presidente da Federação, recebeu da mão de Fernandes um exemplar do livro que conta a história da fundação da ANF.
MANIFESTO DO MOVIMENTO FAVELANIA
“A maior ambição revolucionária é ver o homem liberto de sua alienação”
Che Guevara
“A herança do Brasil Colonial torna-se evidente diante de um aparelho estatal que, em todo o processo histórico da nação, apresenta-se a serviço da elite dominante que pretende perpetuar-se no poder. Em face da violência e do desrespeito aos direitos dos cidadãos nas favelas em cotidianas situações, que, muito mais do que simples casos de abusos, significam ausência e omissão do Estado no suprimento das necessidades civis básicas da população de baixa renda, e do cultivo de uma cultura de exclusão e discriminação herdadas da não tão longínqua época da casa grande e das senzalas, o Movimento Favelania manifesta que:
Não concorda com o uso de estereótipos e rotulações na administração e exercício do poder público e reivindica neutralidade, respeito e educação nas abordagens dentro das favelas;
Pretende dar voz às favelas, colocando-se como canal de ajuda e veículo de expressão da violência sofrida, para que, sempre que cabível, haja acionamento jurídico e veiculação na mídia;
Procuraremos difundir, de todas as maneiras possíveis, a conscientização à população favelada quanto a seus direitos básicos como cidadãos, bem como enfatizaremos uma ideologia de combate a todo e qualquer tipo de abuso aos Direitos Humanos.
A razão de existência deste movimento deve-se ao resgate dos princípios de liberdade e anseios por igualdade e solidariedade entre os seres humanos, que move as revoluções populares e se demagogiza em tratados e códigos que não encontram práxis social.”