Viela Ensanguentada”, o primeiro romance do escritor paulista Wesley Barbosa, é traduzido para francês e intitulado “Rouge Favela”. Em princípio a obra havia sido distribuída nos pequenos locais de Marselha, para evitar a concorrência no período literário, momento em que diversas publicações chegam às livrarias do país.
Oficialmente os adeptos da leitura conhecerão, a partir de setembro deste ano, a história de um jovem apaixonado por livros que sonhava em escrever as suas experiências de vida. Descobre um enredo cercado de intrigas e mortes nas vielas da periferia que vive.
A responsável pela versão francesa da obra, a editora brasileira Nichelle Teles, experiente no mercado literário francês, revela que a escrita simples e precisa do autor, motivaram a tradução do livro.
“O texto do Wesley tem uma força na simplicidade. O fato de ser direto, a gente cria o cenário com a própria imaginação. Não é como a literatura clássica francesa que tem vários detalhes de inscrição. Gosto das coisas mais diretas”, declara Telles.
O livro foi traduzido pelo intérprete francês Alain François, revisado e publicado pela própria editora de Nichelle, a BR Marginalia. Segundo a brasileira, o trabalho foi minucioso para que nada ficasse diferente da obra original, escrita por Wesley.
“Quem não vê o processo de criação do livro, não tem noção de quanta gente trabalha. Eu preferi fazer quatro páginas por dia, às vezes cinco. Porque quando você está cansada e trabalha um texto, a probabilidade de erros é muito maior”, declara Teles.
Uma obra de ficção
A inspiração para criar “Viela Ensanguentada” surge a partir do título e após escrever as dez primeiras páginas, Wesley percebeu que daria um romance. Apesar do enredo se confundir com a história do autor, ele garante que não é uma obra autobiográfica.
“Sempre tem um pouco de nós autores, nos livros. A vontade de querer contar a própria história e seguir em frente, em meio a tantas dificuldades. Mas é uma ficção”, afirma Barbosa.
Nascido em Itapecerica da Serra, o escritor teve seu primeiro contato com a literatura ainda na escola. Frequentador assíduo das bibliotecas públicas do bairro, logo percebeu o seu talento para a escrita.
A estreia no mundo literário foi em 2016, com o lançamento da coletânea de contos “O Diabo na Mesa dos Fundos”, que narra as suas experiências na periferia onde cresceu.
“Apesar de contar as minhas vivências, é um livro de ficção. Relata um pouco das pessoas que transitam no universo, urbano e periférico”, explica o autor.
Em busca de mais autonomia artística e comercial, Wesley criou a própria editora, Barraco Editorial. Além de publicar suas próprias obras, o selo lança novos escritores brasileiros, principalmente das periferias.