“Sinto que é cada vez mais importante falar sobre as emoções. Desde pequenos, podemos ser estimulados a entender o que sentimos no corpo, expressando em palavras”, comenta Emile Lima, autoria do livro “Léo, o Camaleão”. Ela é pedagoga, psicóloga, escritora e mãe, e lançou recentemente seu segundo livro, durante a Feira Literária de São Sebastião do Passé (Flipassé). “A leitura é um caminho de possibilidades. Sempre vi assim. A cada dia venho descobrindo novas percepções e novas maneiras de compreender a vida”.
“Eu nasci em Salvador, mas de família sebastianense, vive cerca de 40 anos em São Sebastião do Passe”, conta a autora que planeja novos lançamentos na capital baiana no mês de setembro, que tem como cor o amarelo para alertar sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.
A história de Emile Lima como escritora começa quando ainda cursava o magistério. Nas aulas de literatura infantil nasceu interesse por criar novas histórias. A autora que, mais tarde, optou pelo curso de pedagogia. Depois da experiência de trabalhar em escolas da rede pública de ensino, chegou a ter uma escola particular. Ao longo da caminhada profissional percebeu a lacuna do suporte psicológico nas instituições de ensino, o que acabou despertando o desejo de uma nova graduação em psicologia. A compreensão da relação das emoções com a aprendizagem foi ainda maior.
O livro de estreia da escritora Qual é a cor da sua emoção?, lançado ano passado também na Flipassé, aborda a temática da saúde mental infantil. Emile traduz com sua escrita como as crianças podem se sentir diante de situações adversas. “Sinto que é cada vez mais importante falar sobre as emoções. Desde pequenos, podemos ser estimulados a entender o que sentimos no corpo, expressando em palavras”, pontua a autora destacando não ter a intenção de didatizar seu processo de escrita. “Quero apontá-la como um caminho possível, onde cada leitor pode encontrar o seu e seguir adiante sem viver preso a padrões. Por isso já trago a desconstrução no título do livro: Qual é a cor da sua emoção? Quero que as crianças se permitam sentir e entender suas emoções primárias”, esclarece.
Com décadas de experiência atuando com crianças, seja na rede formal de ensino ou no Setting terapêutico, Emile Lima sabe bem o valor da união da pedagogia com psicologia para o desenvolvimento infantil. Através da literatura infantil as crianças podem explorar e compreender suas emoções de forma lúdica e acessível, mesmo apresentando temas complexos como ansiedade, medo e tristeza. Com sentimentos organizados, frustrações podem ser melhor administradas, contribuindo para a construção de uma geração mais consciente das suas habilidades pessoais e sociais e aberta ao diálogo.
“As crianças se identificam com histórias e personagens. Há uma maneira de abordar temas complexos com leveza, delicadeza, adaptando mensagem ao universo infantil. Assim é possível ajudar a normalizar conversas sobre emoções e sentimentos, diálogos muitas vezes difíceis e estranhos para muitas famílias, mas que permitem encorajar as crianças a expressarem o que sentem sem medo ou vergonha”, conclui a escritora, destacando que a literatura pode ser um instrumento lúdico para tratar muitas questões. “Quando incentivamos as crianças a identificar e nomear o que sentem, não estamos apenas ajudando no desenvolvimento da inteligência emocional, mas também fortalecendo sua autoestima e capacidade de enfrentar desafios com mais segurança”.