As atitudes do presidente da república contra o isolamento social é difícil de ser medida, mas com certeza um dos seus reflexos acontece nas cidades onde o lockdown se impõe para conter a pandemia. Em São Luís, capital maranhense, por exemplo, onde medidas restritivas têm sido adotadas pelo governo estadual com dificuldade de adesão popular, esta segunda-feira, 11, primeiro dia do rodízio de veículos e sétimo do lockdown não é exatamente o que se esperava. Longos engarrafamentos nos acessos da capital ao continente mostram que não é levado ao pé da letra o revezamento de placas pares e ímpares.
Em outras cidades atingidas pelo endurecimento das restrições à circulação de pessoas a situação não difere muito, embora a fiscalização seja mais presente. Mas na capital da república, de onde deveria partir o exemplo a ser seguido, o fim de semana foi de passeio do presidente de jetsky no Lago Paranoá no sábado, e de ruidosa manifestação na Esplanada dos Ministérios no domingo de bolsonaristas que defendem fim do isolamento e fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, mudando o foco da questão da área da saúde para a política.
No exterior as posições de Jair Bolsonaro são tratadas na mídia como o grande obstáculo do Brasil no combate à pandemia. Na chamada do Washington Post no seu site “Enquanto outros países procuram se abrir, o Brasil não consegue achar uma maneira de se desligar”. No título da revista americana The Atlantic, “A pandemia no Brasil está só começando”. É a “estratégia mortal” de Jair Bolsonaro de contrapor a vida à economia, explica o alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.
E no Brasil, esta semana começam os depoimentos das ilustres personagens arroladas pelo ministro Celso de Mello no STF, que poderão resultar no afastamento do presidente por 180 dias caso o Procurador Geral aceite a denúncia e a Câmara aprove uma possível abertura de inquérito contra ele por corrupção passiva privilegiada, obstrução de justiça e advocacia administrativa por tentar interferir na Polícia Federal.
É a seguinte a agenda de oitivas do Supremo a partir de hoje:
Segunda (11)
- Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da PF
- Alexandre Ramagem, diretor da Abin, impedido pelo STF de assumir o posto de Valeixo
- Ricardo Saadi e Carlos Henrique Sousa, ex-superintendentes da PF no RJ
- Alexandre Saraiva, superintendente da PF no Amazonas
- Rodrigo Teixeira, delegado responsável pela investigação sobre a facada em 2018
Terça (12)
- Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)
- Walter Braga Netto (Casa Civil)
- Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo)
Quinta (14)
- Carla Zambelli, deputada federal (PSL-SP)