A arte da Paraíba, mas precisamente o teatro paraibano, está de luto. O ator, autor e diretor Geraldo Jorge de Lima, faleceu aos 79 anos, neste domingo, 7, em sua casa no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa. Geraldo Jorge estava com a saúde debilitada há alguns meses. O velório será nesta segunda-feira, 8, a partir das 07h, no Cemitério Parque das Acácias (bairro José Américo), em João Pessoa, e o sepultamento está previsto para acontecer às 16h. Geraldo, começou a carreira em 1966 e foi o criador do Grupo de Teatro Tenda, em 1972, abrindo portas e cortinas do teatro para várias gerações de atores e atrizes. Além de ser uma inspiração para diversos artistas.

Geraldo, também foi professor de Geografia no Liceu Paraibano, alem de autor e foi o primeiro diretor do espetáculo de maior sucesso da Paraíba: o PASTORIL PROFANO. Durante mais de 40 anos, Geraldo manteve as oficinas gratuitas do Grupo Tenda para qualquer pessoa que quisesse enveredar pelo teatro. A oficina já era uma tradição todos os sábados no Teatro Lima Penante, em João Pessoa. As aulas duravam o ano todo e terminavam com a montagem de um espetáculo apresentando novos atores e atrizes ao teatro.

Foi assim que muitas gerações do teatro paraibano se formaram. Era no Lima Penante que o Teatro Paraibano se encontrava. O novo em contato com os mais experientes e assim Geraldo também proporcionava a quem estava chegando ingressar em outro grupos. Não havia egoísmo. Todos poderiam seguir outro passos ou continuar no GRUPO TENDA. O importante mesmo era oferecer o palco, seu ofício, sua vida. Assim foi Geraldo Jorge!

Personagens icônicos da primeira versão do Pastoril em 1993 ganharam vida própria e e incorporaram ao cotidiano da cidade, como BIUZINHA PRIQUI, TOINHA – A GOSTOSA, MARIA DUBU, BETH CAMBURÃO, DONA CREUZA (CREUZA, MULHER) e tantas outras personagens que o teatro paraibano jamais esquecerá. Foi de Geraldo Jorge também a direção de grandes sucessos do teatro infantil, como o clássicos O GATO DE BOTAS, O CASAMENTO DE DONA BARATINHA E A CIGARRA E A FORMIGA. Com textos de sua autoria, montou ALI LADRÃO E O 40 BABÁS, O SAPATEIRO DO REI, O REI VAI À RUA, MENINOS, PERDIDOS NA FLORESTA BELELÉU, entre dezenas de trabalhos para o público infantil. Um dos últimos espetáculos dirigidos por Geraldo foi a comédia NÃO É MAIS AQUILO.

Geraldo Jorge também atuou em cena. Como ator, fez um personagem emblemático na montagem de ARLEQUIM, SERVIDOR DE DOIS AMOS. Além disso, até onde minha memória chega, trabalhou como ator numa montagem mais antiga de PERDIDO NA FLORESTA BELELÉU.

O início da carreira foi no Grupo de Teatro da Sociedade Cultural de João Pessoa, que seria extinto pouco tempo depois. A primeira peça na qual trabalhou foi “A Farsa do Corregedor”, do espanhol Alejandro Casona, dirigida por Expedito Pereira Gomes. No espetáculo, Geraldo Jorge interpretava um soldado que era mudo. Passada a primeira experiência, o diretor trabalhou na montagem da peça infantil “O Rapto das Cebolinhas”, de Maria Clara Machado, dirigida por José Flávio.

A retomada da carreira artística se daria em 28 de outubro de 1972, quando criou o Grupo Tenda ao lado do amigo e diretor Leonardo Nóbrega. A primeira peça montada pelo Tenda foi “Tempestade em Água Benta”. O segundo trabalho foi a montagem de um texto escrito pelo próprio Geraldo: a comédia “A Viúva e o Lobisomen”. Foi justamente com criação de “A Viúva e o Lobisomen” que o diretor revelou também seus dotes de autor. A peça é uma das pérolas do teatro paraibano de comédia. Na montagem, o Grupo Tenda reuniu um elenco de grandes atrizes como Nautília Mendonça e Lucy Camelo. O espetáculo foi apresentado entre 1973 e 74 no antigo Teatro da Juteca em Cruz das Armas.

Que os Deuses do Teatro, da arte e da alegria o recebam e que tenha uma nova vida de paz e harmonia!