Baseado no livro de Salomão Polakiewicz, o filme conta a história de Maurício, interpretado pelo ator Juan Paiva, jovem da periferia do Rio de Janeiro que consegue entrar para universidade de medicina através das cotas.
M8 é umas das produções que mais se aproxima das realidades do povo preto brasileiro. A mãe de Maurício, Cida, interpretada por Maria Nunes é técnica de enfermagem, e como toda mãe faz o possível e o impossível para que o filho tem sucesso.
O desenvolvimento do filme ou ponto mais crítico se dá quando Maurício começa a ter sonhos com o cadáver M8, na aula de anatomia, cadáver esse que não tem identificação, e a partir dessas alucinações e parte pra tentar descobrir a origem do corpo que não fala, mas tem muito a dizer.
A produção brasileira faz questão de deixar registrado nessa ficção, realidades vividas no cotidiano do povo preto, como o racismo estrutural, as questões religiosas envolvendo a matriz africana, o lugar de fala da mulher negra e periférica, as discussões sobre as cotas raciais nas universidades e a desvalorização do corpo negro, são pontos que fazem com que o público negro se identifique cada vez mais e tenha mais interesse para descobrir o desfecho do filme.
“É um filme extremamente necessário para a população brasileira, e abre precedentes para mostrar ao mundo sobre todo um racismo estabelecido no país, desde o nascimento do cidadão brasileiro da luta por um lugar de direito na sociedade de respeito pela religiosidade, de reconhecimento de nossas ancestralidades, e principalmente da desvalorização de corpos negros”, declarou o estudante de Jornalismo Ivanilson Costa de 39 anos, morador de Lauro de Freitas, Bahia.
A violência racial contra a população preta também em destacada em uma das cenas mais fortes do filme, no momento em que um dos jovens da festa em que Maurício está faz uma denuncia policial, informando suspeita na área nobre onde estava acontece a festa de aniversário de um de seus amigos brancos, da faculdade, a polícia chega, e já agredi Maurício na saída ,com uma coronhada no rosto, na frente Cida (Diulia Gayoso), uma garota branca e rica, que também estuda medicina.
“Esse filme precisa ser visto e compreendido pelo sociedade como um todo e com os olhos de pessoas que vivenciam isso diariamente, lembrando que essa mudança começa primeiro dentro de casa, começa respeitando a vida alheia, aceitando as escolhas de cada um, entendo que nada é impostos que religião é algo individual e praticando tudo isso dentro do meio em que convivemos seja qual for esse local”, finalizou Ivanilson.
O longa dirigido pelo cineasta Jeferson De, estrou na Netflix no dia 25 de fevereiro, é vencedor do Festival do Rio, na categoria Melhor Filme de Ficção por voto popular.