drogas

O deputado federal Jean Wyllys ( PSOL-RJ ), certa vez, em uma entrevista para o site UOL sobre a legalização da maconha, levantou questões polêmicas que, em sua maioria, foram hostilizadas em todas as redes sociais. Não é novidade que o conservadorismo encontra-se presente, principalmente, dentro do Facebook, solo fértil de ignorância, mas há quem se salve.

O deputado falou sobre a legalização da maconha, desde o funcionamento do comércio, caso fosse legalizado, até  a anistia de traficantes presos por tráfico de maconha, e esta última foi a que causou mais espanto dentro do debate conservador, e até mesmo entre os progressistas.

A ideia de anistiar pessoas presas por tráfico deste tipo de erva passa longe do debate pragmático, apesar de ele ter sim sua importância, mas antes tudo, trata-se de uma questão jurídica. Qualquer estudante de direito sabe que uma vez que a lei seja inexistente, não há possibilidade de crime, ou seja, quando uma lei é extinta, os atos cometidos no passado que eram considerados crimes são desconsiderados e não podem ser punidos, pois a lei sempre retroagirá em benefício do réu.

Para além de questões técnicas que precisavam ser esclarecidas, existe o debate sociológico e as questões sobre a moral desta sociedade na qual vivemos. Até onde podem intervir no comportamento das pessoas sem estar causando mal a terceiros? Por que apenas algumas drogas são proibidas e outras se vendem com e sem receitas médicas em farmácias ou em padarias e supermercados? Se são proibidas por fazerem mal à saúde, por que vendem cigarro em qualquer banca de jornal, em camelôs, em shoppings? Se é para a nossa segurança, por que não proíbem o álcool que é a droga maior causadora de mortes e dependência no Brasil? Bem, essas são apenas algumas questões que devem ser debatidas e refletidas por cada um de nós, é nosso dever enquanto cidadão.

Portanto, deixemos de observar com os olhos da hipocrisia, que as vezes são conduzidos por uma cortina de fumaça que não nos deixa enxergar a verdade. O problema real, não é vender a droga, o problema não está em comercializar maconha, o combate a certas substâncias é seleto, tem alvo certo, ao invés de se combater a pobreza, nossa sociedade faz a escolha de combater os pobres, como se a consequência de todos os nossos problemas, fossem na verdade a causa deles.

E não sejamos covardes ao dizer que existem crianças vendendo maconha nas favelas. Quantos de vocês a caminho da praia em um dia de verão no Rio de Janeiro ou em qualquer litoral do Brasil, não comprou uma latinha de Skol ou Antártica das mãos de uma criança parada no sinal, com um isopor que tinha 2 vezes o seu tamanho e o seu peso? Qual de vocês na entrada de qualquer casa de show, desde rock a pagode, não comprou um maço de cigarros das mãos de um criança com a sua bandoleira no pescoço ? Você se enxerga como financiador de algo ilícito? Não quero que o trabalho infantil seja prática comum, quero que sejam honestos ao debaterem o tema.

Essas imagens deveriam chocar tanto quanto a outra, portanto, não existe motivo para quererem trancar uns e outros, com base nesta moral torta que temos de sociedade. O  sistema penal brasileiro é uma verdadeira Casa da Justiça da Corte dos tempos de Dom João VI, onde se podia comprar e vender escravos a seu bel-prazer, de lá para cá, não mudou nada, só os nomes das ruas.