Estamos aqui de volta para falar sobre o Carnaval e os desfiles das escolas de samba, porque aparentemente nossa cobertura não acabou na Marquês de Sapucaí. Na avenida, você viu aqui no nosso portal a Mangueira levar seu 20° título, a Viradouro fazer um desfile maravilhoso e conquistar o vice, e também a Estácio de Sá ganhar o grupo de acesso e voltar à elite. No outro extremo da tabela do grupo especial, Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano ficaram bem abaixo e foram rebaixadas. E até esta última segunda-feira (3), era o resultado conhecido por todos.
Entretanto, após reunião nesse dia, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) anunciou que a verde e branca de Ramos vai permanecer no grupo especial em 2020. Essa reunião deveria ter tratado apenas do balanço de contas de 2019 e do orçamento para o ano que vem. Entretanto, a pauta da permanência da Imperatriz surgiu no meio, colocada por presidentes de algumas agremiações. Oito escolas votaram a favor da permanência da Imperatriz, através de um documento que já chegou até assinado na reunião. Foram elas Paraíso do Tuiuti, Estácio, Grande Rio, União da Ilha, Salgueiro, Mocidade, Unidos da Tijuca e São Clemente. Curiosamente, essa última fez um desfile criticando justamente as viradas de mesa. Quanta contradição!
Cinco foram contra a decisão tomada: Portela, Mangueira, Viradouro, Vila Isabel e Beija-Flor. A escola de Nilópolis inclusive cancelou a festa de lançamento do samba enredo para o próximo Carnaval.
O detalhe é que nada foi dito sobre o Império Serrano, que deve cair realmente, e não teve poder de voto, assim como a escola que foi salva.
É o terceiro ano seguido que uma virada de mesa, o famoso “tapetão”, ocorre no grupo especial. Em 2017, Tuiuti e Tijuca foram salvas do rebaixamento, em função dos acidentes com carros alegóricos dessas escolas na avenida, que até deixaram uma pessoa morta. Assim, ninguém foi rebaixado. Em 2018, foi a vez de Grande Rio e Império Serrano serem salvos. A escola de Duque de Caxias foi salva pelas demais pela alegação de dificuldades de investimento, e a decisão também salvou a verde e branca de Madureira, o que foi inchando cada vez mais o grupo especial. O motivo da decisão deste ano ainda não é muito claro, o que a torna ainda mais vergonhosa.
Após o episódio do ano passado, a Liesa tinha se comprometido com o Ministério Público do Rio de Janeiro a não alterar mais resultados de classificação, ou teria que pagar R$ 750 mil de multa ao estado. Agora, isso deve acontecer, e complica ainda mais a difícil situação vivida pelas escolas de samba, visto os repasses de verbas atuais que são dificultados pelo prefeito Marcelo Crivella.
As consequências desse rasgo no regulamento podem ir ainda mais longe, e resultar numa desorganização dentro da Liga. Presidente desde 2007, Jorge Castanheira decidiu renunciar ao cargo após essa decisão, por não concordar de maneira alguma, e falou que vários diretores também devem sair. O público também não gostou nada disso, e já há petições públicas na internet para que essa decisão seja revertida. E há rumores de que as escolas podem se dividir e até haja a criação de outras ligas. Vamos ficar de olho e torcer para que o nosso espetáculo tão lindo e querido não continue se estragando por questões políticas e que não podemos entender bem.