O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se empolgou ao escapar da queda-de-braço com o presidente Jair Bolsonaro e anunciou hoje, 7, no fim da tarde, a compra de toda a produção da fábrica máscaras da 3M no Brasil.
Ocorre que 3M, multinacional responsável por 100 milhões de máscaras ao ano no mercado mundial, acaba de provocar ação inédita do governo dos Estados Unidos, cujo presidente e ídolo de Jair Bolsonaro ressuscitou lei de defesa interna de 1953, em plena guerra da Coreia. A lei dá poder a Washington de confiscar toda a produção de artigos americanos para uso no mercado interno.
Acontece, também, que a 3M fabrica só 30% de sua produção na planta norte-americana, o restante sai de outros países asiáticos e do Brasil. A legislação americana, embora sexagenária, é excepcional, criada para tempos de guerra, mas aí está, firme e forte, ameaçando impedir o Brasil de dispor das máscaras N95 indicadas para uso em hospitais, onde o risco de contágio é maior.
A empresa avisou ao ministro Mandetta que tem todo o interesse em abastecer o mercado local, mas só poderá confirmar negociações depois que o governo do seu país der o ok. Pelo estilo Trump de governar, o ministério brasileiro não comprará sequer uma máscara N95 para amostra.
O presidente já “pediu” que a 3M pare de exportar o produto para Canadá e América Latina. Temerosa, a multinacional advertiu que isso terá implicações humanitárias significativas e poderá gerar retaliações de alguns países.