Assembleia_Popular_Manguinhos

Morador@s, trabalhador@s, amig@s e companheir@s de Manguinhos se reunirão hoje a noite para debater sobre direitos. Convocação para o debate.

Abaixo, segue a nota do Fórum Social de Manguinhos sobre os últimos acontecimentos:

Nota do Fórum Social de Manguinhos

Somos todos (as) moradores de Favelastemos fome de Direitos !

O Fórum Social de Manguinhos vem a público manifestar o que a grande imprensa (como sempre) fez questão de não dizer no episódio de violência e confronto acontecido em Manguinhos no fim da tarde e noite de quinta-feira, dia 20 de março.

Pela tarde, recebemos ligações de pessoas que informavam que o prédio no entorno do Centro Cívico construído pelo PAC (Localidade DSUP) havia sido ocupado, e que houve manifestação na Rua Leopoldo Bulhões. Logo em seguida, policiais chegaram para conter o tumulto utilizando-se das consideradas armas não letais – spray de pimenta e bombas de gás – mas também de armas de fogo. Logo após houve um intenso tiroteio. Ouvimos vários relatos que um jovem teria sido atingido por um tiro de munição real e que a própria polícia o teria levado para a Unidade de pronto Atendimento (UPA).

Na manhã da sexta-feira, circulamos pelas localidades Vila Turismo e João Goulart e conversamos com diversas pessoas.  Todas foram unânimes em declarar que a Polícia Militar desrespeitou vários moradores que estavam nas ruas na noite anterior. Mulheres foram xingadas com palavras de baixo calão – chamadas de “vagabundas”, “piranhas”; mães e pais que pediam respeito por seus filhos ouviram coisas do tipo “se não quer seu filho morto tira ele da rua” e “o capitão também tem filho”, uma evidente indicação de que o comportamento dos agentes policiais era uma demonstração de força e vingança indiscriminada após o tiro que atingiu o Capitão Toledo, comandante da UPP Manguinhos.

Os relatos dão conta de violência física, por exemplo, uma jovem que voltava para casa após o fim do tiroteio, e recebeu um chute no tórax que segundo outra moradora “a jogou longe”; uma agente comunitária de saúde que estava na esquina de sua casa, além de ser xingada recebeu um tapa na cara e foi obrigada a voltar para casa.

O Fórum Social de Manguinhos não aceita que moradores de favelas, que historicamente vivem  violações contra a vida, também recebam um tratamento discriminatório e violento das instituições de segurança pública. O Estado não pode repetir com esta população comportamentos que deveria reprimir.

Estes fatos, que não são noticiados pela grande mídia, abafam violações de direitos que vem ocorrendo durante a política de pacificação e afetam diretamente o cotidiano dos moradores de Manguinhos e de diferentes favelas do Rio de Janeiro. Estamos cansados de tiro e de poucos direitos garantidos! Queremos segurança pública que venha acompanhada de direitos de saúde, educação, esporte e lazer, cultura e saneamento. Não queremos intervenção militar e nenhuma outra forma de violência na favela, e sim de políticas públicas que não criminalizem e nem violentem a população. 

Somos as Claudias que trabalham todos os dias pra sustentar suas famílias. Somos os Amarildos que desaparecem sem justiça; somos os jovens Paulo Roberto e Mateus, ambos moradores de Manguinhos que perderam a sua juventude pela truculência e criminalização dos jovens negros.

Esta nota também vem compartilhar que uma Articulação de Movimentos e Organizações de Favelas vem repudiar a criminalização da pobreza e do território de favela deflagradas pela Grande Mídia e dizer que continuaremos ocupando os espaços das ruas de nossas Favelas com Ações Diretas de Enfrentamento a todas as Violações que cotidianamente recebemos.

Somos todos(as) moradores de Favelas, temos fome de Direitos e exigimos um BASTA  a violência que nos atinge!