Um ato em defesa da Casa do Jongo, localizada na Zona Norte do Rio, encheu a Cinelândia no fim da tarde desta terça-feira, 09. A iniciativa reivindica a continuidade das atividades do espaço no Morro da Serrinha, que anunciou na semana passada sua suspensão por tempo indeterminado devido à falta de verbas.
Militantes do movimento negro, fãs, integrantes do Jongo da Serrinha e de blocos de carnaval como Tambores de Olokun realizaram uma ocupação na entrada da Câmara de Vereadores do Rio. Com dança, canto e apresentações culturais, os manifestantes pediam a manutenção das atividades do espaço, que desde 2015 funciona em um imóvel sedido pela Prefeitura em Madureira. Durante todo o evento, o tom foi de crítica não apenas ao fechamento da Casa do Jongo, mas aos cortes de verba e ao calote do Fomento da Cultura 2016 da Secretaria Municipal de Cultura.
O Jongo da Serrinha é considerado um dos maiores patrimônios imateriais do Rio de Janeiro e foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 2005. O grupo nasceu na década de 1950 e tem sua origem ligada à presença de negros escravizados da nação Bantu, que viveram no Vale do Paraíba. Desde então, coleciona grandes feitos. Em setembro, o Jongo da Serrinha participou da abertura do Rock in Rio. Na ocasião, o Jornal A Voz da Favela entrevistou uma das fundadoras do grupo, Tia Maria do Jongo, de 97 anos.
Passando por grandes dificuldades que começaram com a perda do patrocínio da Petrobras em 2016, a organização alega não ter mais recursos para arcar com as diversas atividades gratuitas de geração de renda, lazer e educação, além de sessões de cinema, oficinas de arte, exposições e dança, oferecidas no espaço.
Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura afirma que “nunca suspendeu qualquer financiamento à Casa do Jongo. Os repasses à referida instituição sempre foram feitos via edital de fomento ou Lei do ISS. No ano de 2017, a Casa do Jongo recebeu o maior valor financeiro já repassado pela Prefeitura em sua relação com a instituição”.
Colaborou Felipe Araujo.