O Museu de Arte do Rio – MAR abre ao público Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, exposição que traça um panorama das transformações ocorridas durante o século 18, época em que cidade se tornou a capital do Vice-Reino do Brasil (1763). Com curadoria assinada por Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira, Anna Maria Fausto Monteiro de Carvalho, Margareth da Silva Pereira e Paulo Herkenhoff, a exposição comemora os 450 anos da fundação do Rio propondo um trajeto visual para adentrar esse século de sua história. A descoberta das minas de ouro no país, as invasões francesas, a execução de Tiradentes são momentos fortes desse processo e estarão retratados na exposição.
São cerca de 700 peças – incluindo vasta documentação, objetos da época, ilustrações, pinturas, artefatos religiosos e obras de arte contemporânea – de artistas anônimos e aclamados como Mestre Valentim, Adriana Varejão, Guignard, Augusto Malta, Vasco Araújo, Pierre Verger, Carlos Julião, Rugendas e Debret, entre outros. A mostra aborda aspectos civis e religiosos da época, conduzindo o visitante por um percurso que tem início logo após o descobrimento e segue até a chegada da família real portuguesa, em 1808, em uma história marcada por sonhos e guerras desde seu nascimento.
Pela primeira vez, o MAR apresenta de forma ampla sua coleção de arte sacra e, junto a artefatos vindos de diversas igrejas da cidade e itens de acervos particulares, o conjunto ressalta o valor artístico e cultural desse patrimônio. Um dos grandes nomes do período, Mestre Valentim – responsável por esculturas e talhas religiosas, bem como diversos monumentos civis espalhados pelo Rio – será representado por meio de obras originais e reproduções. O visitante também terá acesso a peças grandes do barroco e do rococó brasileiro. Os dois estilos, conhecidos por suas semelhanças, terão suas diferenças apresentadas numa multiprojeção criada especialmente para a exposição. O núcleo abordará ainda as religiões afro-brasileira e judaica.
Ao final do século 17, com a descoberta de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a cidade passa a ser vista como um importante ponto de escoamento do minério. A partir de então tem início o processo de urbanização e embelezamento do Rio, com aterramentos, calçamento de ruas, desenvolvimento dos transportes e a construção de parques e chafarizes. Multiplica-se a população da cidade e cria-se um novo perfil étnico e cultural. Portugueses de Goa e Macau introduzem novas tintas às cores locais e cruzam com uma nova leva de colonos oriundos das diversas regiões da metrópole e com todo tipo de “forasteiros”. Ao mesmo tempo, cresce exponencialmente o comércio de escravos, vindos de todas as partes da África. As tensões raciais ainda latentes e o desenvolvimento cíclico da cidade são trazidos para o contexto da atualidade por meio de obras de arte contemporânea que trazem à tona o debate.
Já em meados do século 18, as ideias do Iluminismo começam a chegar à colônia – trazidas por jovens da elite enviados para estudar em Portugal. Aqui a cultura jesuítica começa dar lugar ao Neoclassicismo e o Rio se torna um centro de relevância política, econômica, social e cultural. Uma das grandes influências no Brasil é o início das tentativas de independência e, por isso, a mostra terá uma parte dedicada a Tiradentes. Julgado no Rio de Janeiro, Joaquim da Silva Xavier foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, movimento de emancipação que abriu precedentes para outras revoluções. O visitante poderá ver, pela primeira vez, o machado que esquartejou Tiradentes – segundo relatos –, além de diversos objetos e documentos.
A mostra ocupará integralmente o terceiro andar do Pavilhão de Exposições, espaço dedicado ao debate de questões relativas à cidade do Rio de Janeiro. Para marcar a abertura, no dia 7 de julho, às 11h, acontece uma Conversa de Galeria aberta ao público, com a participação dos curadores da mostra. Rio Setecentista, quando o Rio virou capital fica em cartaz até 8 de maio de 2016.
O MAR- Museu de Arte do Rio, fica na Praça Mauá, 05 – Centro do RJ. Os ingressos custam R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia entrada).