Mc Mamah: Gigante na cadeira de rodas

Quando você sabe que terá limitações durante sua existência e não pode fazer nada para reverter isso, o melhor a fazer é: “Viver e não ter vergonha de ser feliz.”

Enfrentar dificuldades faz parte do cotidiano de todo ser humano, e com Elimar Pereira Reis, 38 anos, não é diferente. Desde os 6, ele usa cadeira de rodas, devido problemas de saúde por consequência de uma vacina vencida. Elimar, que é popularmente conhecido como MC Mamah, mora no Barreiro, em  Alagoinhas- BA, é membro do grupo de Rap Sangue Real, juntamente com Deny Silva, o Dj Carcará e Adriel Bicho Solto.

Mamah e Adriel cantavam em grupos distintos, há 10 estão juntos compartilhando o mesmo palco.

Crédito: Arquivo Pessoal

Mamah é militante do movimento Hip Hop há quase duas décadas, sempre atuando na zona urbana e rural da sua cidade, promovendo oficinas, debates, produzindo eventos e participando de intercâmbios, desenvolvendo cursos profissionalizantes junto com instituições que atuam na valorização dos direitos humanos, “minha  participação social está além da música”.

Em diversos ambientes, dentro e fora do estado da Bahia, Mamah é uma figura que se destaca pela sua participação ativa e agregadora, sempre discutindo temas que o afligem diretamente, como a acessibilidade nos espaços públicos, combate ao prencoceito e racismo, quanto da situação sócio política do país.

Umas das suas participações memoráveis, artisticamente falando, foi há 10 anos, no terceiro Encontro Nordestino de Hip Hop que aconteceu na Paraíba- João Pessoa. Mamah foi vencedor da batalha de Mc’s, disputada por artistas de diversas cidades e estados. Um gigante na cadeira de rodas.

Crédito: Reprodução

Em Abril, deste ano, aconteceu o encontro de Hip Hop na cidade de Alagoinhas, e o Sangue Real estava presente, contribuindo com as oficinas de comunicação, palestra, dialogando e compartilhando suas experiências com outros militantes do movimento e jovens da periferia da cidade.

E no mês passado, a participação foi no projeto Escola Culturais, evento que aconteceu também em Alagoinhas, reunindo estudantes de diversos colégios da cidade.

As influências no rap vão desde GOG, passando por Facção Central, até os Racionais MC’s. Acredita que consegue influenciar também, devido o respeito que é demostrado pelas pessoas que o conhece. “O Rap virou um manual de vida pra mim. A música eleva minha autoestima e me ensina técnicas de sobrevivência”.

“Todo momento enfrento preconceito. A maioria das pessoas têm dificuldade de respeitar as outras, e no meu caso percebo isso em diversas situações, seja por ser cadeirante, ou pela cor da minha pele. Mas não me intimido, sou negro, precisamos assumir nossa identidade”.

A intenção com a música é levar políticas públicas e conscientização para juventude. Hoje o cenário Rap parece que se perdeu das suas raízes. Alguns artistas focam apenas na fama, o lado financeiro acima de tudo, sabemos que é necessário ter dinheiro, uma necessidade de todos nós. Mas, a cultura Hip Hop vai além disso.

Crédito: Arquivo Pessoal

“Vamos manter a honra e ficar firme na nossa ideologia, independente do que aconteça. Paz”.

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Paulo de Almeida Filho
Jornalista, Especialista em Comunicação Comunitária, Mestre em Gestão da Educação, Tecnologias e Redes Sociais - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Editor da Agência de Notícias das Favelas. Pesquisador do CRDH- Centro de Referência e Desenvolvimento em Humanidades - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Professor de Pós Graduação, em Comunicação e Diversidade, na Escola Baiana de Comunicação. Assessor da REDE MIDICOM- Rede das Mídias Comunitárias de Salvador. Membro do Grupo de Pesquisa TIPEMSE - Tecnologias, Inovação Pedagógicas e Mobilização Social pela Educação. Articulado Comunitário do Coletivo de Comunicação Bairro da Paz News. Membro da Frente Baiana pela Democratização da Comunicação. Integrante do Fórum de Saúde das Periferias da Bahia. Membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito- Núcleo Bahia. Integrante da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores Coordenador Social do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, EduComunicador e Consultor em Mídias Periféricas.