Uma plataforma, que servirá como memorial, está lançada para dar voz a pessoas das favelas e das periferias, a plataforma Periferias na Pandemia. Muitos perderam seus entes queridos como pais, mães, irmãs, irmãos, avós, amigos, filhos. Um memorial criado a partir das lembranças de pessoas que normalmente nunca são ouvidas é fundamental para que não esqueçamos do genocídio.

A pandemia de coronavírus matou mais de 700 mil pessoas no Brasil, a maioria composta pela população mais pobre. São essas pessoas que sofreram com as desinformações e a falta de cuidado de um governo negacionista, começando pelo ex-presidente Bolsonaro.

As pessoas que idealizaram essa plataforma pensaram na inclusão de todos. Caso o interessado em registrar suas memórias não saiba escrever, o registro pode ser feito por áudio ou vídeo. O memorial poderá ser usado posteriormente para pesquisas dos impactos da COVID-19 nas áreas mais pobres.

“Tem testemunho de gente do interior do Amazonas dizendo que a vacina só chegou lá no início de 2022, quando aqui no Sudeste tínhamos tomado até a terceira dose”, diz Ana Maura Tomesani, uma das fundadoras da plataforma.

A doença global mexeu muito com o psicológico das pessoas, além de trazer inúmeras complicações ao corpo de quem foi infectado. A pandemia começou no inicio de 2020 no Brasil e continua até hoje.

“Tem testemunho de gente de Rondônia revoltada com a questão do apelo à higiene por parte da mídia, dizendo que lá não tem água encanada, é poço, e quando tem enchente o córrego cheio de esgoto inunda o poço e mistura as águas”, relata Ana Maura.

A importância de um memorial

Um memorial é uma forma de registro que será eternizado, a exemplo do memorial do Holocausto, um monumento às vítimas do nazismo. Ele traz o registro de uma parte da história alemã, justamente para que não entre no esquecimento. Nesse sentido, o Periferias na Pandemia, será um marco para a história brasileira.

Seu principal objetivo é proporcionar voz e divulgar como foi a vida nas periferias. Os ativistas e lideranças locais podem ajudar na divulgação e a trazer histórias de suas favelas, comunidades e periferias. Os testemunhos ajudam no sucesso da plataforma, além de  construir a história de um povo abandonado por governantes negacionistas.

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