Mensagens cifradas revelam ligação de Crivella com “QG da propina”

Rafael Alves e Crivella em tempos mais amenos - Reprodução

Ao ter a casa vasculhada pela polícia em março, na primeira fase da Operação Hades, Rafael Alves, tinha quatro celulares: o que entregou voluntariamente, dois apreendidos no carro na garagem e um escondido sob uma pilha de roupas, encontrado somente quando tocou durante a operação. Era o prefeito Marcelo Crivella perguntando o que estava acontecendo na Riotur, onde outra ação policial se desenrolava.

Este aparelho foi fundamental para as investigações sobre o “QG da propina” na prefeitura do Rio. O telefone, entre os quatro apreendidos, era o que realmente vinha sendo usado pelo empresário em março deste ano, quando a Polícia Civil e o MP realizaram busca e apreensão em sua residência em um condomínio na Barra da Tijuca.

Por que a operação policial na Riotur levaria o prefeito a telefonar para Rafael? Para começar, ele é irmão de Marcelo Alves, presidente da empresa carioca de turismo, e mantém um gabinete lá, próximo ao do presidente, indicativo da ascendência sobre a administração da empresa e da ligação com Crivella.

A abertura do histórico de ligações do aparelhos confiscados mostrou que entre maio de 2016 e março deste ano, o prefeito e o empresário trocaram 1.949 mensagens, prova da ligação entre ambos e da extensão do esquema pelo qual são investigados. A comunicação entre os dois muitas vezes era cifrada, dificultando a compreensão de terceiros. Boa parte do conteúdo dos celulares foi apagada, mas os investigadores conseguiram recuperá-la.

Em nota, o advogado de Rafael, João Francisco Neto, disse que o MP interpreta as mensagens de “forma enviesada”, sem se preocupar com os esclarecimentos do cliente, que quer ser ouvido.

Outro detalhe no minimo curioso no caso é que no carro onde estavam dois celulares havia também joias, relógios e uma bolsa com R$ 50 mil. Para o Ministério Público, seria “uma espécie de veículo de fuga”, ou seja, pronto para permitir que Rafael fugisse. Ele alegou que tudo dentro do veículo era de Shanna Harrouche Garcia, sua ex-mulher e filha do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho.

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