Créditos: Thalys Maia ANF

O II Encontro Latino Americano de Comunicação Comunitária (ELACC) dentro da agenda da 13ª Bienal da UNE – Festival dos Estudantes, que termina hoje, realizou duas rodas de conversa transmitidas ao vivo pelas redes sociais da ANF.

A mesa ocupou novamente o espaço Atmosfera, na Fundição Progresso, situada no bairro da Lapa, Rio de Janeiro. A mediação foi do gestor cultural, dramaturgo e escritor Alexandre Santini. O tema “Cultura Viva e Comunicação Comunitária na América Latina” foi debatido com os convidados Jandira Feghali (Deputada Federal – Brasil), Dario Queiroga (Chile), Mãe Beth de Oxum (Pernambuco -Brasil), Célio Turino (Brasil), Marel Angeles Reyes (Peru) e Isaac Penaherrera (Equador), entre outros convidados presentes. 

Isaac Penaherrera denunciou a situação do seu país, Equador, onde existem leis de incentivo à cultura e comunicação periférica que não são respeitadas. Mas contrapôs com a perspectiva de que, atualmente, é mais fácil fazer comunicação comunitária quando se vê o acesso a celulares aumentando e plataformas como o Tik Tok se popularizando, nas quais se pode criar conteúdos relacionados a política e causas sociais. 

Em seguida, a mãe Beth de Oxum falou sobre o seu trabalho em rádios comunitárias e sobre o processo de invasão desses meios pelo conservadorismo evangélico. Questionamentos foram levantados, como “cadê a televisão do povo preto?”. Ela critica o fato de a mídia hegemônica brasileira estar na mão de poucas famílias que detém, assim, o poder do discurso e como a comunicação comunitária precisa resistir.

Mario Rodriguez, comunicador boliviano, presente na mesa de abertura do evento, falou sobre a festa da Virgen de la Candelaria, tradição do povo andino e como o elemento da natureza água se relaciona tanto com a sua cultura, quando com a brasileira. Ele atentou para a importância de preservar tradições e ancestralidades para manter a cultura viva. 

Dario Queiroga levantou o contrassenso de, apesar de se estar em um momento de esperança política no Brasil, ainda é necessário estar alerta para o crescimento do fascismo na América Latina e no mundo. Além das autoridades, ele cita os cidadãos comuns propagadores da ultra direita e, por isso, a comunicação alternativa precisa ter cada vez mais força política. 

Fala da deputada Jandira Feghali | Créditos: Thalys Maia ANF

Após diversas outras falas, a deputada federal Jandira Feghali encerrou a mesa prestando solidariedade aos representantes presentes de seus países, citando a situação brasileira, em que também se matam muitos ativistas dos direitos humanos. Ela fala sobre estarmos passando por uma guerra cultural contra o fascismo e como a cultura ser o centro  da política pode ser uma estratégia de resistência.