Mesa farta de literatura negra e periférica na Casa do Benin

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Literatura e Culinária enriquecem o cardápio de atividades da

Casa do Benin durante a 2ª FLIPELÔ

Entre os dias 09 e 12 de Agosto, a Casa do Benin (Rua Baixa dos Sapateiros, 7 – Pelourinho) se junta à movimentação da 2ª FLIPELÔ e oferece ao público uma programação especial que envolve literatura, culinária, música e muito mais. Com destaque para a produção literária negra e da periferia da cidade, a mesa da Casa do Benin será, literalmente, bem servida. A comida afrodiaspórica da chef Angélica Moreira, do Ajeum da Diáspora, dará o sabor para rodas de conversas literárias, performances poéticas, apresentações musicais, além de um encontro de saraus e de um slam (batalha poética). Também acontece uma feira livre com livros e produtos afins.

A Casa do Benin é um dos espaços culturais administrados pela Prefeitura Municipal de Salvador, através da Gerência de Equipamentos Culturais (GECULT) da Fundação Gregório de Mattos (FGM). Assumindo a idealização e coordenação geral da iniciativa, o gerente da GECULT, Chicco Assis, explica que a participação da Casa do Benin na Festa Literária exalta dois expoentes da literatura soteropolitana – a produção literária negra e das periferias. Segundo o gerente, “Salvador, que há muito se destaca no cenário literário nacional e internacional, graças a obra de inúmeros dos seus escritores negros, tem sido bastante fortalecida atualmente pelos movimentos que tem acontecido nas periferias da cidade, capitaneados especialmente pela juventude negra, através saraus, slams e outros acontecimentos”.

O espaço, que já havia participado da edição anterior da FLIPELÔ, ainda que de forma mais tímida, com contações de história e lançamento de livros, pretende atrair para o evento um público específico formado em sua maioria por artistas e outras pessoas que se interessam pelos motes que serão valorizados pelas atividades propostas. Assis complementa ainda que “sendo a Casa do Benin um espaço aglutinador e difusor das relações culturais estabelecidas entre a Bahia e a África, a sua participação na Festa Literária, enaltece a poética da negritude e das periferias. Com isso, os laços do espaço com a ancestralidade afrodiaspórica é revalidado, além de uma grande contribuição para debates de extrema urgência na atualidade, como o combate ao racismo, à intolerância religiosa e ao extermínio da juventude negra que ainda insistem em nos rodear”.

Nos quatro dias de programação, o acervo da Casa do Benin, com obras coletadas por Pierre Verger em expedições à África, estará aberto à visitação sempre das 10 às 17h. No primeiro dia, 09, quinta-feira, o grupo Gangara realiza uma roda de capoeira. Já na sexta, dia 10, às 19h, as editoras Organismo e Segundo Selo realizam a primeira roda de conversas sobre Literatura Negra Contemporânea e Processos Criativos, coordenada por Silvânia Carvalho e que contará a participação dos autores baianos Davi Nunes, Vânia Melo e Alex Simões.

No sábado e no domingo, dias 11 e 12, das 10 às 17h, acontecerá no Pátio da Casa do Benin, a PeriFeirAfro Literária e, que tem a proposta de expor e comercializar de livros e produtos afins, além de promover sessões de autógrafos de escritores e escritoras negras e da periferia. Já estão confirmas as participações das editoras baianas Organismo, Segundo Selo, Galinha Pulando e da carioca Malê.

O sábado será o dia da Ocupação Poéticas Periféricas, liderada pelo poeta Valdeck Almeida, do selo Galinha Pulando. Além da PeriFeirAfro, a partir de 11h, acontece o Ajeum Sonoro, com a chef Angélica Moreira e seu Ajeum da Diáspora apresentando e servindo um suculento Cozido, acompanhado de entradas e de batidas preparadas com coco, tamarindo e maracujá, batizadas de Fufu, Dedeu e Jajá. O almoço será servido ao som de Música Preta Preriférica, set list especial que será discotecado pelo DJ Gug Pinheiro. Às 13h, acontece o Sarau Poéticas Periféricas com integrantes do livro recém lançado que reúne 100 jovens poetas periferia, que Almeida chama de “as novas vozes da poesia soteropolitana”. Às 14h, acontece mais uma roda de conversas, com o tema: A Poética Periférica no Centro da Literatura Sorteropolitana, com a participação dos poetas Gisele Soares, Sandro Sussuarana, Samuel Lima, Luz Preta Marques, Fabrícia de Jesus e Rilton Júnior. E a partir das 15h, acontece o ápice da ocupação com um Encontro de Saraus, uma roda poética com representantes dos mais importantes saraus e coletivos poéticos da cidade – Sarau Bemblack, Sarau da Onça, Sarau do Cabrito, Sarau do JACA, Sarau Resistência Poética, Coletivo Pé Descalço, Coletivo Bairro da Paz Vive.

Para finalizar a programação, no domingo, além da PeriFeirAfro, será a vez do poeta Nelson Maca e seu Candomblacksia capitanearem a Ocupação Dia Preto, se preto ele for! A partir das 11h, acontece mais um Ajeum Sonoro. Para este dia, a chef Angélica Moreira promete servir um dos pratos mais cobiçados no Ajeum da Diáspora, o Efó, que poderá ser acompanhado de Peixe ou Frango. E, nas pick-ups de DJ Gug Pinheiro, muita Música Preta Brasileira. Às 13h: acontece a apresentação do CandomBlackesia: Axé e Poesia na Batida, que na Flipelô anterior atraiu uma multidão. Nelson Maca & Afro-Power-Trio: Dj Gug, João Teoria e Mestre Jorjão Bafafé realizam uma performance afro-poética e musical que conta com a participação de convidados especiais: Alexandra Pessoa, Lee27, Vera Lopes e Netas de Francisca: Lucia Santos e Luiza Gonçalves. Já 14h, as atrizes Vera Lopes e Emile Lapa apresentam Letras e Vozes de Mulheres Negras, uma performance que promove o diálogo entre poemas de Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo. Às 15h, acontece a roda de conversas Escrita Atual da Bahia Preta, com os escritores e escritoras que participam da PeriFeirAfro Literária. O encerramento, às 16h, fica por conta da Free Pelô: Slam dos Slans, que promoverá uma batalha poética entre representantes de importantes slams que acontecem em Salvador – Slam da Onça, Slam Lonan, Slam das Minas e Slam da Raça.

O acesso à Casa do Benin é gratuito. Os produtos das feiras serão comercializados a preços acessíveis, e os pratos do Ajeum da Diáspora terão valor de R$30 por pessoa. “A ideia é que o público da Flipelô possa circular pela Casa do Benin, para conhecer o acervo deste espaço e ainda fortalecer a economia negra e periférica”, destaca Chicco Assis.

A programação da Casa do Benin na Flipelô é uma realização da Fundação Gregório de Mattos e da Prefeitura de Salvador. A parceria da Fundação Casa de Jorge Amado, realizadora da Flipelô, bem como das editoras Organismo, Segundo Selo, Malê, Galinha Pulando, do grupo Candomblacksia, dos poetas Nelson Maca e Valdeck Almeida, e dos diversos artistas e demais profissionais que participam do evento, é de fundamental importância para o sucesso do evento.

 

SOBRE A CASA DO BENIN

Administrado pela Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos, a Casa do Benin se destaca como um dos principais espaços culturais da cidade no que se refere às relações afrodiaspórica. Inaugurado em 1988, a Casa do Benin tem projeto arquitetônico assinado por Lina Bo Bardi, que preservou a fachada do casarão colonial e internamente promoveu o diálogo da arquitetura antiga com o concreto tão utilizado pela arquitetura moderna. No prédio principal, tem uma sala de exposições permanente que abriga o acervo de peças coletadas pelo fotógrafo e etnólogo Pierre Verger em expedições realizadas pela costa beninense, além de uma sala de exposições temporárias e um auditório. Já no prédio anexo, além de uma sala multiuso e de um terraço com vista privilegiada para o Centro Histórico e de uma cozinha industrial, o pátio abriga a reprodução de edificações beninenses chamada de Tatassomba. No ano em que completa 30 anos, a Casa do Benin retoma o diálogo com a Fundação Pierre Verger, que completa a mesma idade, e preparam para o mês de novembro a abertura de uma exposição que ocupará os diversos espaços da Casa com a obra de Verger, além da realização de diversas atividades relacionadas à cultura afro-brasileira.

 

SOBRE A 2ª FLIPELÔ 

A 2ª Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ, insere Salvador, pelo segundo ano consecutivo, no cenário nacional de eventos literários. De 8 a 12 de agosto ocupa diversos espaços do Centro Histórico com uma programação com muita literatura para todos os gostos e idades, além de apresentações teatrais, musicais, exposições e uma rota gastronômica. Realização da Fundação Casa de Jorge Amado, a 2ª FLIPELÔ tem como tema a frase do grande autor baiano “a amizade é o sal da vida” e é em homenagem ao escritor itaparicano João Ubaldo Ribeiro, grande amigo de Jorge Amado. Mais de 50 atividades serão realizadas de forma gratuita e todos estão convidados.