Nesta terça-feira, 8 de dezembro de 2020, completa mil dias do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Desde o 14 de março de 2018, o caso segue sem respostas.
A eleição de Marielle Franco, em 2016, onde obteve mais de 46 mil votos na cidade do Rio de Janeiro, carregava as pautas de: mulheres, negros, mães, pobres e periféricos. Em uma disputa eleitoral caracterizada por homens brancos e heterossexuais.
“A gente tem lado, tem classe e tem identificação de gênero. É dessa forma, a partir das soluções coletivas, que a gente vai traçar esse mandato. É isso que nos coloca enquanto mulher negra, origem na Favela da Maré, com o debate de valorização das identidades”, disse Marielle em 2017.
Para além de sua simbologia e representatividade, sua vitória era um avanço democrático. Afinal, o racismo estrutural brasileiro age de uma maneira que impossibilita a presença de mulheres negras na política. Consequentemente existe uma baixa renovação no corpo político, trazendo para o centro do debate político a negritude.
A vereadora rompia padrões normativos e velha política, mas, seu mandato foi interrompido como tentativa de intimidar a possibilidade de transformação social brasileira, escancarando a existência não só da desvalorização e desproteção da vida dos ativistas negros, como também da mulher negra. Dados do Atlas da Violência mostram que em 2018, 68% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras.
“Ela era uma mulher de periferia, uma mulher negra, que não começou a fazer esse trabalho social depois que entrou para a Câmara, ela fazia muito antes disso. Ela ainda muito nova já tinha uma responsabilidade muito grande”, comentou Marinete Silva, mãe de Marielle, à Anistia Internacional.
É crucial pressionar as investigações deste caso, para assim descobrir o mandante do crime. Para além do pressionar, é preciso estabelecer compromisso com a pauta ideológica das mulheres negras, afinal, a maioria delas desenvolvem ações de apoio em suas comunidades em momentos de crise, estando na linha de frente contra a desigualdade em seus territórios. Marielle era uma dessas mulheres, de origem pobre e que vivia no cotidiano da população que sempre foi inviabilizada pelo estado.
Marielle Presente! Hoje e sempre.
*Este texto trata-se de uma opinião da autora.
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