Em Brasília, uma pequena casa de dois cômodos, com banheiro e quarto, é uma réplica da cela onde Luís Inácio Lula da Silva ficou preso, no edifício da Polícia Federal, em Curitiba. A construção é Júlio Neves, aposentado de 68 anos.
Ele é militante do Partido dos Trabalhadores (PT), filiado desde 1994, sindicalista e ex-dirigente sindical. Formado em Pedagogia, fez mestrado em Economia na Universidade de Brasília (UNB).
“Lula ficou preso, mas a mente dele, a força, a dimensão da luta e o caráter patriótico foram além dos espaços. Nunca se permitiu ficar retido, apesar de dormir lá, porque ele se agigantou. Como sempre fez, a cada dia que passa, a cada ano, a cada mandato, Lula se agiganta e fica assim, extraordinário”, diz Júlio Neves.
Cela foi inaugurada para o Natal
A réplica da cela foi inaugurada em 19 de dezembro do ano passado. Neves se autointitulou preso número 2, em solidariedade à prisão de Lula, e passou morar no local por cerca de um mês, onde dormiu e passou o Natal.
A construção de dois metros e meio por um veio como reação do militante ao saber que Lula passaria as festas de final de ano preso. Com ajuda de um amigo, construiu a réplica da cela. Mobiliou-a com cama e armário de livros. Ao se prender voluntariamente, pretendia entender a angústia de atual presidente.
“A cela simboliza, para mim, uma condição que eu vivo buscando, de ser mais minimalista, de precisar de menos, viver sem grandes quartos, grandes salas. Na cela, Lula leu livros, cartas. Essa dimensão do espaço é simbólica, é poética, é uma metáfora. O espaço é pequeno, mas a minha mente não é, ela voa”, diz Neves.
Cela de Lula está dentro de uma ONG
A cela é aberta ao público e Neves ainda dorme nela, de vez em quando. Ela fica dentro da ONG Sacizal dos Pererês, em Brasília, inaugurada em 2006. Organização sem fins lucrativos, luta pela preservação da identidade mítica nacional.
Ela está localizada a pouco menos de uma hora de carro da Praça dos Três Poderes, em uma chácara de condomínio no Setor Habitacional Vicente Pires, região administrativa do Distrito Federal, em Taguatinga.
Júlio Neves, o fundador, vive no espaço. Ele pratica agricultura orgânica, preservando o terreno, e toca a ONG. O trabalho se organiza com uma agenda lúdica, com semana de meio ambiente e dias comemorativos, como o do Saci, em 31 de outubro.
O projeto é estruturado para atender a população infantil, tendo atividades contemplativas com oficinas de arte, contação de história e esquetes com personagens como lobisomem, Iara e Saci Pererê.
Segundo Neves, o trabalho da ONG pretende valorizar a mitologia brasileira, especialmente as origens indígenas e africanas.
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